7 de setembro: tudo pode acontecer, inclusive nada

7 de setembro: tudo pode acontecer, inclusive nada

  Hipótese 1: amanhecemos no dia 8 com o STF fechado, o Congresso Nacional fechado, uma ditadura militar instalada.  Esta a hipótese-sonho de consumo dos bolsonaristas radicais.

  Hipótese 2: amanhecemos no dia 8 com o STF funcionando com os mesmos integrantes (inclusive o Xandão e o Barroso). Esta a pior hipótese para os bolsonaristas radicais.

  A aposta de Bolsonaro é alta. Se ocorrer a hipótese 1, tudo terá dado certo no plano dos setores golpistas e se consolida o auto-golpe à la Fujimori (golpe de quem já está no poder para tentar calar a oposição). Detalhe: Fujimori ficou um tempo no poder com poderes ditatoriais, hoje está preso no Peru.

  Caso no dia 8 tudo continue como antes, com STF, Congresso e CPI funcionando, a desmoralização de Bolsonaro será grande e se consolida a imagem de que apenas é um blefador. O presidente sai ainda mais desgastado e aprofunda sua desmoralização política. Nesta hipótese teremos um governo fraco (pato manco, dizem nos Estados Unidos, para um governo que capenga a duras penas para chegar ao fim do mandato).

  Em todas as hipóteses, o simples fato de ameaçar a democracia e estimular o golpismo já estão desgastando Bolsonaro, interna e externamente. E desgastando não junto ao “povão”, mas na elite econômica (como é o caso da Febraban, a federação dos banqueiros do Brasil) que espera antes de tudo estabilidade política para tirar o país do atoleiro econômico em que se encontra.

  Os números oficiais aí estão: inflação em alta e o Produto Interno Bruto (o PIB) em queda. A redução do PIB no segundo trimestre de 2021 foi um balde de água fria na recuperação, obrigando os agentes econômicos a revisarem suas projeções de crescimento tanto neste ano ano como para 2022 e a crise hídrica, cujos alertas vinham sendo feitos por especialistas há meses, agrava ainda mais a situação.

  Bolsonaro corre o risco de chegar em ano eleitoral com a economia em baixa, desemprego se mantendo alto, inflação fora de controle e mais a continuidade da crise hídrica. No conjunto seria quase um desastre.

  Bolsonaro está no fio da navalha.

Eber Benjamim / Gazeta Trabalhista

(Foto: Bolsonaro com Edir Macedo e Silvio Santos em comemoração de 7 de setembro de 2019/Fábio Pozzebom/Agência Brasil)

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