Ministério das Relações Exteriores “explica” nota da Agência Brasil, órgão oficial do governo, sobre telefonema de Bolsonaro ao presidente russo dizendo que não houve; mas não nega declarações sobre Brasil ser contra sanções ou condenação de Putin
A informação de que Bolsonaro teria telefonado ao presidente da Rússia neste domingo foi publicada às 20:09 (horário de Brasília) no site da Agência Brasil (órgão oficial do governo). Às 21:21 (horário de Brasília) a Agência Brasil fez um adendo à matéria com nota da assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores, negando o telefonema e dizendo que se referia à conversa com Putin na recente viagem a Moscou.
A nota original da Agência Brasil, diz textualmente que “Bolsonaro disse ainda que conversou, neste domingo, com presidente da Rússia, Vladimir Putin, por telefone, sobre a guerra e questões comerciais, como a importação de fertilizantes pelo Brasil.”
Logo após a publicação da nota na Agência Brasil (órgão oficial de notícias do governo federal), a Assessoria de Imprensa do Gabinete do Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota afirmando que Bolsonaro se referia “às duas horas de conversa ao vivo, na visita a Moscou [no dia 16 deste mês]. Não houve telefonema”, neste domingo, para Putin.
A Gazeta Trabalhista publicou a matéria sobre o telefonema exatamente como publicado pela Agência Brasil, órgão oficial de notícias do governo federal, às 20:09 (horário de Brasília), fazendo o acréscimo logo após a sua publicação no site da Agência Brasil. Assim como a Gazeta Trabalhista, diversos outros órgãos de imprensa publicaram a matéria da Agência Brasil.
Se houve erro, foi da agência oficial de notícias do governo federal. No entanto, independente do telefonema ter existido ou não, a declaração de Bolsonaro de que o Brasil não defende “nenhuma sanção ou condenação ao presidente Putin” não foi desmentida. A única correção foi sobre a existência do telefonema.
O texto “corrigido” da Agência Brasil, às 21:21, já sem menção ao telefonema, é como está abaixo:
O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (27) que o voto do Brasil em resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia é livre, com equilíbrio.
Ele acrescentou que o Brasil não defende “nenhuma sanção ou condenação ao presidente Putin”.
“Nossa posição tem que ser de bastante cautela, não podemos ao tentar solucionar um caso que é grave, ninguém é a favor de guerra em lugar nenhum do mundo, trazemos problemas gravíssimos para toda a humanidade e para o nosso país que também está nesse contexto”, afirmou em entrevista coletiva à imprensa, no Forte dos Andradas, no Guarujá, litoral de São Paulo..
Conversa com Putin
Bolsonaro lembrou ainda que conversou com presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre a guerra e questões comerciais, como a importação de fertilizantes pelo Brasil. “Estive conversando com o presidente Putin, mais de duas horas de conversa. Tratamos de muita coisa. A questão dos fertilizantes foi a mais importante. Tratamos do nosso comércio. E obviamente ele falou alguma coisa sobre a Ucrânia, mas me reservo a não entrar em detalhes da forma como vocês gostariam”, disse Bolsonaro.
Em nota, divulgada após a entrevista do presidente, a Assessoria de Imprensa do Gabinete do Ministério das Relações Exteriores disse que Bolsonaro se referia “às duas horas de conversa ao vivo, na visita a Moscou [no dia 16 deste mês]. Não houve telefonema”, neste domingo, para Putin.
Para o presidente, o conflito deve chegar, em breve, a uma solução. “Não acredito que vá se prolongar. Até pela diferença bélica de um país para outro. A gente espera que países da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] não potencializem esse problema que está para ser resolvido, no meu entender”, declarou.
Matéria alterada, às 21h21, para acrescentar nota do Ministério das Relações Exteriores.