A volta do Brasil ao Mapa da Fome: quais as razões?

A volta do Brasil ao Mapa da Fome: quais as razões?

  O Brasil voltou a aparecer no Mapa da Fome. Esse Mapa é um levantamento feito por organizações internacionais, como a ONU, sobre a situação alimentar no planeta. O Brasil já tinha conseguido ficar fora dessa lista, mas porque voltou a figurar?

  Em primeiro lugar é preciso questionar se é por falta de produção de alimentos no país. Sabemos que não é o caso. O Brasil é dos maiores países do mundo, com imensas áreas para a produção agropecuária. É também um dos maiores exportadores de alimentos do planeta. Exportamos soja, milho, carnes (bovina, suína, frangos). Exportamos alimentos processados em indústrias e in natura. Então o problema não está produção de alimentos no país.

  Onde então estão as causas? No desemprego, na desigualdade social, na queda do poder aquisitivo do salário mínimo, no trabalho precário e no desmonte das políticas públicas para atender as famílias sem renda.

   O desemprego oficial atinge hoje cerca de 13 milhões de pessoas. Se somarmos os chamados desalentados (que desistiram de procurar emprego) e os que vivem de trabalhos eventuais, esse número é muito maior. Temos milhões que vivem de empregos precários, sem nenhum tipo de direito. A reforma trabalhista, que retirou direitos, contribuiu para isso.

   O congelamento do valor do salário mínimo, que está sendo corrigido apenas pela inflação, também contribui para esta situação. Com a alta da inflação o salário mínimo perde a cada mês o seu poder de compra e quem ganha o salário mínimo não está mais conseguindo sustentar a família.

   Somos um dos países mais ricos do planeta, mas também um dos mais desiguais. Enquanto uma pequena minoria concentra quase a metade de toda riqueza nacional, uma grande maioria vive em situação de baixos salários ou  desemprego. Por outro lado, nos últimos anos os programas sociais foram desmontados.

   Com tudo isso junto, não espanta que o Brasil tenha voltado ao Mapa da Fome.

Fábio Bezerra 

Advogado e presidente do Sindmassa/MS

(Sindimassa/MS – sindicato que representa trabalhadores do setor de Alimentação de 35 municípios de Mato Grosso do Sul)

(Foto: arquivo Agência Brasil)

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