Depois de “ungir” Bolsonaro, Edir Macedo assiste desfile  de 7 de setembro ao lado do presidente em Brasília

Depois de “ungir” Bolsonaro, Edir Macedo assiste desfile de 7 de setembro ao lado do presidente em Brasília

  O presidente Jair Bolsonaro assistiu o desfile de 7 de setembro, em Brasília, ao lado de Edir Macedo (da Igreja Universal) e de Sílvio Santos (dono do SBT). Embora tenha um representante do clero católico ao seu lado, o que chamou a atenção mesmo foi a presença de Edir Macedo, da Igreja Universal, e de Silvio Santos (dono do SBT).

  Silvio Santos – que é judeu – vem enfrentando problemas financeiros no SBT e a aproximação com o presidente pode ser providencial para salvar o grupo da insolvência. Já o “bispo” Edir Macedo parece ocupar o lugar de conselheiro espiritual de Bolsonaro.

    No domingo passado, 1 de setembro, Bolsonaro esteve no “Templo de Salomão” da Igreja Universal, em São Paulo, ocasião em que foi “ungido” por Edir Macedo. Bolsonaro ajoelhou-se perante Edir, que jogou um pouco de óleo “santo” em sua cabeça declarando-o líder dos 210 milhões de brasileiros.

  A cena no “Templo de Salomão” foi uma imitação intencional do episódio bíblico em que o profeta Samuel ungiu o até então pastor de ovelhas Davi como rei de Israel. Os “bispos” da Universal sabem usar bem a propaganda subliminar.

  Às turras com setores da Igreja Católica por críticas a ações de seu governo, Bolsonaro se aproxima cada vez mais do eleitorado evangélico e de católicos tradicionalistas (da Renovação Carismática), buscando frear a sua queda progressiva de popularidade. Na semana passada, Bolsonaro também esteve no reduto da Renovação, a Canção Nova, onde foi também abençoado.

  Para alguns analistas o movimento de aproximação ostensiva de Edir Macedo pode ter efeitos negativos entre os católicos, mesmo entre os mais à direita que não veem com bons olhos a Universal, e que ainda agrupam um contingente considerável da população brasileira. Seria uma “jogada de risco”.

  Para outros, o que existe mesmo é o lobby empresarial judaico-evangélico que mira objetivos econômicos, como aumentar o turismo religioso para Israel, afinal hoje diversas igrejas evangélicas tem suas próprias agências de turismo explorando o segmento evangélico em viagens para a “terra santa”. Não à toa, Bolsonaro fez uma inflexão na política externa, aproximando-se de Trump (presidente dos Estados Unidos) e do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, entrando em choque com os países árabes e a comunidade árabe-palestina radicada no Brasil.

  O público presente no evento em Brasília foi considerado pequeno perante o esperado e o “chamado” de Bolsonaro para manifestações de verde-amarelo em seu apoio teve pouca adesão em nível nacional, até mesmo nos redutos onde teve mais votos, num reflexo da queda da sua popularidade.

  Resta saber se o apoio de Edir Macedo e Silvio Santos (do Topa Tudo por Dinheiro) irá reverter essa tendência. E qual será a reação da Igreja Católica à “esnobada” do presidente da República.

Edir Macedo, da Igreja Universal, “unge” Bolsonaro, imitando o gesto do profeta Samuel que ungiu Davi

 

Eber Benjamim / Gazeta Trabalhista

Fotos: Fábio Pozzebom (Agência Brasil) e reprodução do Youtube

 

(Matéria editada para correção de informação às 18:15)

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