Projeto se destaca com pesquisa para produção em Cerrado degradado

Projeto se destaca com pesquisa para produção em Cerrado degradado

O que fazer em uma área rural de Cerrado onde o solo está degrado e não se consegue fazer plantios tradicionais e criação de gado? Esse questionamento foi feito pela doutora em Recursos Naturais, Viviane Mallmann, titulada pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), e o seu marido Lucas Wagner Ribeiro Aragão, doutorando no mesmo Programa. Pesquisando, eles descobriram que poderiam recuperar o solo por meio do Sistema Agroflorestal (SAF) e os frutos colhidos poderiam se tornar vinhos e vinagres, assim agregando valor a produção do sítio “Agrorecanto Mya Terra”, localizado no assentamento Nazareth, em Sidrolândia.

Com a ideia, o projeto “Vinhos e vinagres: Agroecologia-Sustentabilidade-Recuperação Ambiental” foi aprovado e contratado no Programa Centelha MS, com a coordenação de Viviane e a participação de Lucas Wagner e do Professor Dr. Rogério Cesar de Lara da Silva, da UEMS.

Parte da pesquisa do doutorado de Viviane contribuiu para compreensão do comportamento dos processos fermentativos que usam para criar os produtos que foram selecionados no programa Centelha. “No doutorado tive oportunidade de realizar disciplinas e estudar conceitos que aplicamos em nosso projeto prático de produção de vinhos e vinagres com frutos do Cerrado em área de recuperação ambiental”, explica Viviane.

A produção começou com sucos e sorvetes e depois vieram os produtos fermentados como vinhos e vinagres, que levam microrganismos fermentadores do próprio ambiente. O processo levou aproximadamente um ano e oito meses, entre a captura, seleção e cultivo, conta Viviane. Dentre os frutos utilizados estão: guavira, uvaia, cajuzinho, mamica de cadela, embaúba, marolo gigante, marmelo e Hibiscus sabdariffa, dentre outros.

“O grande diferencial de nosso produto é que eles são realizados com frutos frescos, nativos e diversos, garantindo diversidade e variedade de produto durante o ano todo, além de possuírem potencial medicinal, nutritivo, variedade de vitaminas e sabores singulares o que atrai o público que o compra.  Todo processo conta com mão de obra familiar e é um produto artesanal. Com a parceria do Centelha-MS, buscaremos melhorar e ampliar nossa produção”, comemora Viviane.

Lucas Wagner, doutorando em Recursos Naturais, pela UEMS, também inscreveu o projeto “Sistema Agroflorestal e Agricultura Familiar-Recuperação-Produtividade”, que ficou na lista de espera do Programa Centelha MS. O foco deste projeto era complementar a proposta da produção de vinhos e vinagres. Pois a implantação do sistema de agrofloresta iria ajudar na recuperação do solo.

Ele explica que o Sistema Agroflorestal (SAF) é um sistema versátil em que se pode trabalhar incluindo na área: árvores nativas, árvores frutíferas, hortaliças e outros cultivares. A ideia é que a longo prazo se tenha a formação de uma mata – que será composta por cultivares múltiplos, entre árvores nativas e frutíferas. As próprias matérias orgânicas das plantas contribuem para cobertura do solo e nutrição tanto do solo quanto das plantas.

“A princípio, os dois projetos trabalhariam juntos, onde a partir da minha proposta nós teríamos a produção, a elaboração desse SAF, a produção dos frutos que seriam então manufaturados, agregado valor a partir da produção de vinhos e vinagres. Além dessa vertente teria produção de outros frutos e verduras que poderiam ser comercializadas por meio de cestas verdes, que seriam entregues ao público em feiras ou diretamente a cada pessoa, por meio de encomendas em comércio virtual”, ressaltou.

No sítio eles têm uma área em que aplicam o Sistema Agroflorestal em pequena escala. O recurso do Centelha seria aplicado para ampliar essa área e mecanizar o processo.

Sobre o Centelha MS

O projeto Centelha MS é da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect) órgão vinculado à Semagro, em parceria com a Finep e Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. O objetivo é selecionar ideias inovadoras de startups e empresas iniciantes no Estado. Participaram da seleção, novos empreendedores de 34 municípios de Mato Grosso do Sul, tendo 564 propostas cadastradas para avaliação.

Fonte: Assessoria de Comunicação UEMS

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