Bolsonaro decide intervir na Petrobras e coloca general na presidência; expectativa é se haverá ou não recuo nos últimos aumentos dos combustíveis
Após quatro aumentos no preço da gasolina em 2021, que acumula alta de 35% no ano, e de três aumentos do óleo diesel, o presidente Jair Bolsonaro decidiu intervir na estatal, contrariando o que vinha afirmando – de que a estatal teria autonomia de gerência. Bolsonaro decidiu colocar um general na presidência da estatal de petróleo do Brasil.
A expectativa com a mudança fica por conta da revogação ou não dos últimos aumentos, que passaram a valer nesta sexta, 19, de 10% da gasolina e 15% do diesel.
Após sucessivos aumentos dos combustíveis, considerados excessivos, e num momento de queda na popularidade detectado por pesquisas de opinião, Bolsonaro decide intervir num ponto que é sensível para a maioria da população e também sobre o segmento dos caminhoneiros, que chegaram a ameaçar com uma paralisação nacional por conta das majorações sucessivas no preço do diesel.
General Joaquim Silva e Luna assume
O novo presidente da Petrobras é o general da reserva do Exército, Joaquim Silva e Luna. Ele foi ministro da Defesa no governo Michel Temer e em 2019 assumiu a presidência de Itaipu Binacional.
O anúncio da troca de comanda da Petrobras foi feita por Bolsonaro via rede social. “O governo decidiu indicar o senhor Joaquim Silva e Luna para cumprir uma nova missão, como conselheiro de administração e presidente da Petrobras, após o encerramento do ciclo, superior a dois anos, do atual presidente, senhor Roberto Castello Branco”, diz a postagem.
Bolsonaro demonstrou irritação com o último aumento e já tinha ameaçado intervir na estatal. “Nesses dois meses nós vamos estudar uma maneira definitiva de buscar zerar o imposto para ajudar a contrabalancear esses aumentos, no meu entender excessivo, da Petrobras. Mas eu não posso interferir, nem iria interferir na Petrobras, se bem que alguma coisa vai acontecer na Petrobras nos próximos dias, você tem que mudar alguma coisa, vai acontecer”, disse ontem live pelo Facebook. “Teve um aumento, no meu entender, aqui, eu vou criticar, um aumento fora da curva da Petrobras. 10% hoje na gasolina e 15% no diesel. É o quarto reajuste do ano. A bronca vem sempre para cima de mim, só que a Petrobras tem autonomia”, disse na live.
As afirmações feitas ontem repercutiram nesta sexta na bolsa de valores, com forte queda das ações da Petrobras que teve um recuo de 7,5% nas ações ordinárias e de 6% nas ações preferenciais.
Resta saber como o “mercado” e a equipe do ministro da Economia Paulo Guedes vão digerir o fato. Guedes defende a política de alinhamento dos preços dos combustíveis ao mercado internacional que acompanha as oscilações do dólar.
(Foto: Geraldo Falcão- Agência Brasil)
