Concentração de indígenas em Campo Grande (MS) cobra mudança no Distrito Sanitário Especial   

Concentração de indígenas em Campo Grande (MS) cobra mudança no Distrito Sanitário Especial  

Aconteceu nesta segunda, 22, em Campo Grande (MS) uma concentração de indígenas em frente à sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI/MS), em protesto pela forma de condução do órgão e pedindo mudança na sua direção. Lideranças de oito etnias do estado se deslocaram de diversas aldeias de Mato Grosso do Sul para participar do ato.

O DSEI em MS  tem 14 polos-base nos municípios de Antônio João, Brasilândia, Corumbá, Bonito, Amambai, Caarapó, Paranhos, Tacuru, Bodoquena, Iguatemi, Sidrolândia, Dourados, Aquidauana e Miranda.

O motivo da mobilização se deu por entenderem que a DSEI/MS está sendo conduzida sem diálogo com as comunidades e não vem atendendo a contento as aldeias, que foram atingidas fortemente pela covid.

Mas a reclamação das lideranças não se refere apenas à questão da pandemia, mas a orientação geral do departamento. Eles cobram mudanças na forma de atendimento e na direção do órgão, atualmente dirigido pelo coronel reformado do exército Joe Saccenti Junior. Segundo as lideranças indígenas não há um diálogo construtivo com o coordenador.

Havia expectativa dos indígenas que o secretário nacional da Saúde Indígena, Robson da Silva, estaria hoje em Campo Grande onde poderiam entregar suas reivindicações, mas isso não aconteceu. O secretário divulgou um vídeo sobre a questão, onde afirma que o coronel Joe continuará à frente da DSEI em Mato Grosso do Sul.

Indígenas de MS se concentraram pela manhã em frente à DSEI

Negacionismo e devolução de vacinas

As lideranças indígenas cobram ação mais efetiva do órgão nas aldeias, tanto na questão geral da saúde quanto em relação à covid-19, pois corre a informação de que o DSEI irá devolver 15 mil doses da vacina com o argumento que de os indígenas não querem se vacinar. Eles cobram um trabalho de informação e esclarecimento diretamente nas comunidades para combater o negacionismo nas aldeias, fato esse que já levou inclusive à uma ação do MPF (Ministério Público Federal) junto a caciques e lideranças religiosas para esclarecimento sobre a segurança da vacina.

No entender das lideranças o “coronel Joe” não conseguiu construir uma relação de confiança e não conhece a realidade nas aldeias. Por isso cobram a mudança na coordenação do órgão.

Uma nota de repúdio, assinada por diversas entidades, foi divulgada pelas lideranças. Veja abaixo na íntegra.

 NOTA DE REPÚDIO

CONSELHO ATY GUASU GUARANI E KAIOWÁ, ATY GUASU JOVENS, KUNHANGUE ATY GUASU         ARTICULAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL – APIB, CCNAGUA, composto por lideranças das comunidades indígena da região sul do Estado de Mato Grosso do Sul, representando aproximadamente 70 mil indígenas Guarani e Kaiowá, reunidos nesta data no DSEI-MS (Distrito Sanitário Especial Indígena de MS) para aguardar reunião com o atual coordenador do distrito sanitário e com o atual secretário de saúde indígena, vem a público se manifestar:

Em 29 de janeiro deste ano os movimentos indígenas de Mato Grosso do Sul, Conselho Aty Guasu e Conselho Terena, as duas maiores populações indígenas do Estado, se reuniram no DSEI em Campo Grande-MS, com o secretário de saúde indígena Sr. Robson Santos da Silva, para exigir a saída do atual coordenador, Sr. Joe Saccenti Junior, devido à falta de consulta às comunidades indígena que é requisito trazido pela Convenção 169 da OIT e demais legislações correlatas ao direito indígena.

A gestão do atual coordenador do DSEI é totalmente abaixo do esperado, o caos na saúde se alastra nas comunidades do Estado, e por conta desse motivo o movimento indígena exigiu a exoneração do atual coordenador e que foi aceito pelo secretário de saúde naquela data.

Ocorre que, no dia 22 de fevereiro de 2021, apesar de todos as dificuldades encontradas para que as lideranças pudessem vir novamente até o Dsei-MS visando se reunir com o atual coordenador e com o atual secretário de saúde, não houve o atendimento, causando indignação na população indígena a falta de respeito e discriminação com a população indígena do Estado, que é a segunda maior do país.

Cabe ainda frisar, dentre tantos prejuízos causados à saúde indígena pelo trabalho de baixa qualidade prestado pelo atual coordenador, está a despedida sem justificativa de diversos agentes de saúde em meio há Pandemia de COVID -19 que assola as aldeias deste Estado e, o alarmante número de suicídio de jovens indígenas.

Assim, o povo indígena Guarani e Kaiowá repudia a atitude do atual secretário de saúde indígena e do atual coordenador distrital, exigindo a troca imediata no comando do Dsei-MS.

Campo Grande-MS, 22 de fevereiro de 2021.

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