Bancários querem regulação do teletrabalho e reajuste de 5% em novo acordo coletivo

Bancários querem regulação do teletrabalho e reajuste de 5% em novo acordo coletivo

Categoria definiu, em conferência nacional realizada de forma virtual com trabalhadores de todo o Brasil, reivindicar dos bancos aumento real de 5% para salários, tíquetes, PLR

Em tempos de pandemia e isolamento, bancários de todo o Brasil decidiram cobrar dos bancos a regulação do trabalho em home office. Essa é uma das principais reivindicações para o acordo nacional da categoria, definida em conferência nacional realizada nesta sexta (17) e no sábado (18).

Com 635 delegados reunidos de forma virtual – representando 118 sindicatos e 10 federações –, os empregados de bancos públicos e privados definiram também cobrar dos bancos 5% de aumento real (acima da inflação). O reajuste deve valer para salários, tíquetes e participação nos lucros ou resultados (PLR).

De casa

Diante da realidade do trabalho feito em casa, incluir na pauta que será entregue aos bancos no próximo dia 23 uma cláusula para tratar desse assunto é considerado fundamental.

“Foi importante a aprovação da inclusão desta cláusula, para impedir que os bancos decidam, unilateralmente, colocar os trabalhadores em trabalho remoto e não se responsabilizem, por exemplo, pelos custos e o fornecimento de todos os equipamentos necessários”, afirma a presidenta da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.

“Inclusive mesas e cadeiras ergonômicas, para evitar o adoecimento dos trabalhadores. Também não aceitaremos corte de benefícios ou redução dos rendimentos devidos”, avisa a dirigente, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, responsável pelas negociações com a federação dos bancos (Fenaban).

Proteção e segurança

A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, destaca que os bancários são uma das categorias mais fortes do país.  “Nossa organização e mobilização nos garantiu que saíssemos à frente nessa pandemia e negociássemos medidas de proteção à vida dos trabalhadores”, lembra a dirigente.

“Assim, conseguimos que mais da metade dos bancários em todo o país trabalhasse em regime de home office, garantindo-lhes segurança. Só que os bancos, para reduzir custos, querem adotar definitivamente o home office para boa parte de seus empregados. Não podemos deixar que isso seja feito nas condições em que muitos trabalhadores se encontram hoje, e vamos reivindicar uma cláusula na CCT (convenção coletiva de trabalho) para que possamos debater condições dignas para o home office.”

Sem imposições ou custos

A cláusula para o acordo nacional, que pretende regular o home office, afirma que o trabalho nesses moldes não pode ser imposto pelo bancos. Além disso, estabelece que os custos do teletrabalho sejam arcados pelos empregadores,  incluindo equipamentos de trabalho e mobiliário ergonômico.

A cláusula proíbe, ainda, que sejam retirados direitos dos trabalhadores que cumprirem suas funções em suas casas. O vale-transporte/combustível, por exemplo, deve ser fornecido com valor proporcional aos dias de comparecimento do trabalhador no banco onde deverão estar pelo menos uma vez por semana, de acordo com a reivindicação da categoria.

Empregados em bancos públicos e privados, são 453 mil os bancários em todo o Brasil. Em 2016, antes do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, eram 512 mil, frisam os dirigentes da categoria.

Desafios

A presidenta da Contraf-CUT destaca o caráter histórico da campanha de 2020, para a construção do acordo nacional da categoria. “Tivemos muito trabalho para realizar esta conferência totalmente virtual. Foi uma experiência diferente, de muito aprendizado”, avalia.

“Conseguimos realizar uma excelente conferência, com debatedores que acrescentaram muito na leitura da conjuntura, assim como para elaborarmos e aprovarmos nossa pauta de reivindicações, que agora devem ser aprovadas em assembleias a serem realizadas pelos sindicatos da categoria em todo o país na segunda (20) e terça-feira (21)”, explica Juvandia.

Ivone, que também é coordenadora do Comando, explicou que a campanha deste ano, por conta da necessidade de isolamento social na pandemia, também será virtual. Mas isso, avalia, não irá enfraquecer a luta dos bancários.

“Realizamos nossa conferência nacional de forma virtual, antes dela as conferências estaduais, os congressos nacionais do BB e da Caixa e os encontros de bancos privados também foram realizados virtualmente”, detalha a dirigente. “Estamos utilizando a tecnologia a nosso favor, e mesmo na distância não vamos diminuir nossa disposição para lutar por nossos direitos. Nessa conferência nacional manifestamos nossa união na defesa da nossa CCT, e na defesa da democracia e de um país mais igualitário.”

Os bancários mantiveram todas as demais reivindicações apresentadas aos bancos no ano passado, com destaque para o combate às metas abusivas. A campanha terá, ainda, como prioridade, a manutenção dos empregos, dos direitos e a defesa dos bancos públicos.

Responsabilidade social

Entre as moções e resoluções aprovadas pelos trabalhadores, estão a solidariedade às famílias das vítimas da covid-19; contra o racismo estrutural e pelo fim da violência policial; repúdio ao Santander; apoio ao meio ambiente, aos povos indígenas e aos quilombolas. Os trabalhadores manifestaram-se também sobre a importância do engajamento nas eleições 2020 e na luta pelo “fora Bolsonaro”.

Fonte: Rede Brasil Atual

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