Banco Santander lucra R$ 3,8 bilhões em três meses, mas demite em plena pandemia

Banco Santander lucra R$ 3,8 bilhões em três meses, mas demite em plena pandemia

Presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva afirma que Santander não está em dificuldade. “É crueldade. É um banco na Espanha, outro aqui. Se bem que lá tem governo. Aqui não tem.”

O banco Santander foi uma das primeiras grandes empresas a aparecer na mídia para apoiar a campanha “não demita”, mas agora é o primeiro a violar o compromisso, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva. A dirigente lembra que o banco fez acordo com os sindicatos de que não iria fazer cortes em plena pandemia. No entanto, na última sexta-feira (5), o banco mandou embora ao menos 15 trabalhadores sem justa causa, descumprindo o compromisso público que havia assumido em interromper desligamentos durante a crise sanitária.

“Para nós, o compromisso era não demissão até o fim da pandemia”, afirma Ivone. “E em São Paulo, onde o Santander demite, a curva de contaminação só está subindo. Não houve achatamento. É uma crueldade.”

“Recebe dinheiro do governo, faz propagandas lindas, diz que apoia investimentos… Tudo mentira. É um banco que tem coragem de colocar na rua 15 trabalhadores num momento tão cruel da pandemia, em que essas pessoas não vão conseguir se colocar no mercado de trabalho”, protesta Ivone, que é também da coordenação do Comando Nacional dos Bancários.

A sindicalista associa a decisão do Santander, que lucrou R$ 14,5 bilhões no ano passado e já iniciou o primeiro trimestre deste ano com ganhos de R$ 3,8 bilhões (10% maior do que no primeiro trimestre de 2019), a um gesto desleal e de covardia.

Segundo ela, o momento é muito ruim para os trabalhadores, e atribulado para o movimento sindical. “O movimento sindical hoje tem de ficar atento a tudo o que está acontecendo no Congresso Nacional, fazer negociações com prefeituras, com governadores, porque não são só os patrões que têm problemas”, afirma. Ivone considera “absurdo” São Paulo ter autorizado a abertura do comércio, por exemplo.

Desgovernados

“Nossos governantes estão nos jogando para a morte. E o Santander também fez isso com seus trabalhadores, que fizeram sua parte para que o Santander Brasil (de controle espanhol) seja o mais lucrativo do mundo. Em torno de 30% do lucro mundial dele vem do Brasil.” A presidenta do sindicato observa ainda que a forma como o Santander lida com os trabalhadores é uma no Brasil e outra na Espanha, com um agravante: “Na Espanha tem governo. Aqui não tem. O Bolsonaro não governa”.

A diretora do sindicato e funcionária do Santander Maria Rosani afirma que o banco espanhol demite em plena pandemia e está desprezando a realidade brasileira, que já tem mais de 40 mil mortos. “Na Espanha, o Santander tem agido de forma totalmente diferente, o que deixa claro que por aqui a direção optou por se alinhar com Bolsonaro na tentativa de enfraquecer as quarentenas e de prejudicar os trabalhadores”, diz Rosani.

Fonte: Rede Brasil Atual – FOTO: Maurício Morais – SEEB/SP

 

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