Custo da Cesta aumentou em nove capitais
Em junho, o valor do conjunto dos alimentos básicos aumentou em nove das 17 capitais onde o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Entre maio e junho, as maiores altas ocorreram no Nordeste, nas cidades de Fortaleza (4,54%), Natal (4,33%) e João Pessoa (3,36%). Oito cidades apresentaram reduções, sendo que as mais expressivas foram registradas no Sul: Porto Alegre (-1,90%), Curitiba (-1,74%) e Florianópolis (-1,51%).
São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 777,01), seguida por Florianópolis (R$ 760,41), Porto Alegre (R$ 754,19) e Rio de Janeiro (R$ 733,14). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 549,91),
Salvador (R$580,82) e João Pessoa (R$ 586,73).
A comparação do valor da cesta entre junho de 2022 e junho de 2021 mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre 13,34%, em Vitória, e 26,54%, em Recife. No ano de 2022, o custo da cesta básica apresentou alta em todas as cidades, com destaque para as variações de Natal (15,53%), Aracaju (15,03%), Recife (15,02%) e João Pessoa (14,86%). Com base na cesta mais cara, que, em junho, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em junho de 2022, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 6.527,67, ou 5,39 vezes o mínimo de R$ 1.212,00. Em maio, o valor necessário era de R$ 6.535,40, ou 5,39 vezes o piso mínimo. Em junho de 2021, o valor do mínimo necessário deveria ter sido de R$ 5.421,84, ou 4,93 vezes o valor vigente na época, de R$ 1.100,00.
TABELA 1
Cesta x salário mínimo
Em junho de 2022, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 121 horas e 26 minutos, maior do que o registrado em maio, de 120 horas e 52 minutos. Em junho de 2021, a jornada necessária ficou em 111 horas e 30 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em junho de 2022, 59,68% do rendimento para adquirir os produtos da cesta, pouco maior do que o de maio, quando foi de 59,39%. Em junho de 2021, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, o percentual ficou em 54,79%.
Comportamento dos preços dos produtos da cesta1
• O leite integral e a manteiga registraram aumento de preços em 17 cidades, entre maio e junho. Para o leite UHT, as maiores altas ocorreram em Belo Horizonte (23,09%), Porto Alegre (14,67%), Campo Grande (12,95%) e Rio de Janeiro (11,09%). No caso da manteiga, destacam-se as elevações observadas em Campo Grande (5,69%), Belém (5,38%) e Recife (3,23%). Em 12 meses, todas as cidades apresentaram acréscimo de preço nos dois produtos. Para o leite UHT, as maiores variações acumuladas foram registradas em Belo Horizonte (48,89%), Florianópolis (46,70%) e Porto Alegre (44,55%). Para a manteiga, as taxas oscilaram entre 10,28%, em Goiânia e 23,85%, em Campo Grande. O período de entressafra e o impacto da estiagem nas pastagens reduziram a oferta do leite que, somada aos altos custos de produção, com alimentação do gado e medicamentos, resultaram em elevação do preço do produto no campo. Do lado da demanda, tem havido disputa entre as indústrias de laticínios na compra da matéria-prima para a
produção dos derivados lácteos. Todos esses fatores ocasionaram a alta dos preços médios do leite UHT e da manteiga. Vale destacar o impacto da desvalorização do real frente ao dólar no preço da manteiga, uma vez que parte
do que é consumido no Brasil, é importada.
• O preço do quilo do pão francês subiu em 15 das 17 cidades pesquisadas em junho e os percentuais mais expressivos foram observados em Belém (10,29%), Salvador (3,36%) e Natal (3,21%). A farinha de trigo, que é coletada no Centro-Sul, teve seu preço majorado em todas as capitais, com destaque para as variações em Brasília (6,64%) e Vitória (5,49%). Em 12 meses, o preço do pão francês apresentou alta em todas as cidades, sendo que as maiores ocorreram em Salvador (30,32%) e Aracaju (28,00%). Em igual período, o valor médio da farinha de trigo acumulou aumentos entre 22,55%, em Vitória e 45,94%, em Belo Horizonte.
Apesar do preço internacional estar em queda, no Brasil, a baixa oferta de trigo no país e a taxa de câmbio desvalorizada elevaram o preço do grão e dos seus derivados.
• O valor do quilo do feijão carioquinha subiu em todas as cidades onde é
pesquisado (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e em São Paulo),
e apresentou taxas de variação entre 3,67%, em Belém e 13,74%, em Recife. Em
12 meses, destacam-se os percentuais registrados em Goiânia (40,96%), Salvador
(34,77%) e São Paulo (30,27%). As altas foram explicadas pela baixa oferta do
grão. O preço do feijão tipo preto, coletado nas capitais do Sul, em Vitória e no
Rio de Janeiro, diminuiu em todas as capitais (Porto Alegre, Curitiba,
Florianópolis, Vitória e no Rio de Janeiro), devido ao bom resultado da produção
nacional que aumentou o volume de grãos comercializados e levou à redução das
cotações. Entre maio e junho, as quedas oscilaram entre -5,99%, em Florianópolis
e -2,17%, em Curitiba. Em 12 meses, todas as cidades tiveram recuo de preços,
com destaque para Vitória (-11,96%).
• O preço do quilo do café em pó cresceu em 13 capitais. As principais altas
ocorreram em São Paulo (4,43%), Belém (3,31%) e Recife (3,31%). Em 12 meses,
houve aumento em todas as cidades, com variações que oscilaram entre 66,32%,
em Belo Horizonte e 105,16%, em Vitória. Apesar do avanço da colheita, a oferta
foi menor e o preço seguiu com tendência de alta.
• A batata apresentou queda de preço em todas as cidades, consequência da maior
oferta em razão da intensificação da colheita da safra de inverno. As reduções
mais expressivas foram registradas em Campo Grande (-19,60%), Florianópolis
(-16,31%) e Belo Horizonte (-14,72%). Em 12 meses, porém, todas as capitais
mostraram taxas positivas acumuladas entre 30,00%, em Curitiba e 111,18%, em
Vitória.
5
CAMPO GRANDE – NÚMEROS DE JUNHO
• Valor da cesta: R$ 702,65
• Valor da cesta básica para uma família, composta por quatro pessoas2
: R$ 2.107,95.
• Variação mensal3
: (-0,49%).
• Variação no ano: 9,55%.
• Variação em 12 meses: 23,97%.
• A carne bovina (0,00%) foi o único alimento a não registrar variação de preço em
Junho. O preço médio do quilo da proteína foi comercializado a R$ 40,48, assim
como no mês de Maio.
• Pelo segundo mês consecutivo Batata (-19,60%) e tomate (-17,47%) apresentaram
as retrações mais expressivas. O preço médio de um quilo do tubérculo passou de
R$ 5,37 para R$ 4,80, e o do fruto passou de R$ 6,41 para R$ 5,29.
• Também registraram variação negativa de preços o óleo de soja (-2,91%), o
açúcar cristal (-2,87%) – que completou um trimestre de queda, e o arroz
agulhinha (-2,52%).
• Há cinco meses em alta, o leite de caixinha (12,95%) registrou a terceira alta
mais expressiva do país em Junho, com preço médio de R$ 6,28 o litro.
• Além do leite, o feijão carioquinha (8,19%), a manteiga (5,69%), a banana (3,44%),
a farinha de trigo (2,11%), o pãozinho francês (1,01%) e o café em pó (0,65%)
registraram alta de preços.
• A jornada de trabalho necessária para se adquirir uma cesta básica na capital em
Junho foi de 127 horas e 32 minutos.
• O percentual do salário mínimo líquido4 gasto para compra dos treze itens da cesta
básica para uma pessoa adulta chegou a 62,68%.