Docentes das universidades federais: carreira única e ataques à Educação são destaques de evento da Andes
O Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes/SN) realizou o 15º Conselho Nacional Extraordinário onde docentes das instituições de ensino federais, estaduais, municipais e distrital atualizaram os debates sobre a conjuntura e as lutas em defesa da carreira e da Educação no Brasil. O evento aconteceu entre os dias 11 e 13 de outubro em Brasília.
Em suas falas, as e os participantes destacaram que a defesa da educação pública está intrinsecamente ligada à defesa da carreira docente. Foi ressaltado que, diante da conjuntura atual, é fundamental reorganizar e atualizar o projeto de carreira única, aprovado no 30º Congresso do ANDES-SN, em 2011, realizado em Uberlândia (MG).
O projeto busca unificar as carreiras do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) e do Magistério Superior (MS) apresentando propostas para as universidades brasileiras. O texto é resultado de debates anteriores e está estruturado em sete eixos principais: ambiente de trabalho docente, desenvolvimento na carreira, carreira única, estrutura, isonomia salarial, transposição da situação anterior, e mobilização.
A necessidade de enfrentar os ataques do Capital com unidade entre as e os docentes, e também com as demais categorias da classe trabalhadora, foi consenso em muitas das intervenções. Além disso, as e os participantes destacaram os ataques dos governos às carreiras docentes em diversas esferas.
As lutas e greves no período pós-pandemia, centradas nas questões salariais e na carreira, também foram lembradas. A força das greves que mobilizaram mais de 60 instituições federais de ensino neste ano, centradas em cinco pontos principais — salário, orçamento, aposentadoria, carreira e o “revogaço” das reformas trabalhista e previdenciária, entre outras medidas — foi amplamente destacada.
Da mesma forma, as greves nas universidades estaduais, como a de Goiás (UEG), Piauí (Uespi), Ceará (Uece) e do Estado de Minas Gerais (Uemg), também ganharam relevância, com foco na defesa da carreira docente. A atual greve na Universidade do Estado da Bahia (Uneb) reforça essa disposição, com as reivindicações por melhorias na carreira sendo o ponto central do movimento. Esse movimento revelou a unidade na luta pela valorização da educação pública e pela proteção dos direitos tanto nas instituições federais quanto nas estaduais, municipais e distrital.
Outro ponto central foi a defesa do financiamento adequado para as instituições de ensino. A falta de verbas tem ameaçado diretamente o funcionamento das universidades públicas, que já enfrentam desafios crescentes devido a cortes sucessivos e à priorização de políticas de austeridade. As e os participantes destacaram ainda o impacto devastador do mais recente bloqueio orçamentário de 2024, anunciado em 30 de setembro, que afeta profundamente áreas essenciais como educação e saúde.
Houve um consenso sobre a importância de reorganizar a classe trabalhadora para construir um projeto capaz de derrotar a ascensão da extrema direita, intensificar a mobilização contra a retirada de direitos e enfrentar as pautas que atacam a classe trabalhadora no Congresso Nacional.
“A mesa de conjuntura e carreira docente abre o 15° Conad Extraordinário refletindo as lutas do último período – a greve federal da educação e as greves da educação nos estados, as quais colocaram o tema da carreira na centralidade da luta do Sindicato Nacional em defesa do projeto da educação pública, gratuita, laica, socialmente referenciada nas necessidades da classe trabalhadora”, avaliou Raquel Dias, 1ª vice-presidenta do ANDES-SN, que coordenou a mesa da Plenária.
Mais de 240 docentes, entre delegadas, delegados, observadoras e observadores, além da diretoria do Sindicato Nacional, participaram do evento que teve como pauta única a atualização do projeto de carreira docente do Sindicato Nacional.
Fruto de deliberação do 42º Congresso do sindicato, realizado em Fortaleza (CE) no início deste ano, o 15º Conad teve como tema “Movimento Docente e Carreira: uma luta histórica do ANDES-SN” e acontece de sexta a domingo (11 a 13), no auditório da Associação de Docentes da Universidade de Brasília (Adunb Seção Sindical do ANDES-SN).
A greve docente federal e a unidade na luta entre docentes, técnicos, técnicas e estudantes foi ressaltada em diversas falas da mesa de abertura, assim como a importância de manter a mobilização unificada para fazer valer os acordos da greve e em defesa dos serviços públicos, das servidoras e dos servidores. Também foram saudadas as greves em diversas universidades estaduais ao longo de 2024. Todas as mobilizações trouxeram o debate da carreira docente como ponto de pauta.
Laryssa Braga, coordenadora-geral do Sinasefe, pontuou as ameaças à Educação e reforçou que, apesar de exitosa, a greve da educação federal tem resquícios de luta, pela efetivação dos acordos de greve. Ela lembrou que a conjuntura tem exigido cada vez mais esforços na defesa de uma educação pública, sócio referenciada e gratuita. “Os governos vêm nos negando as condições justas e necessárias para esse enfrentamento. De forma unificada, continuaremos lutando para que a educação seja livre, inclusiva e solidária”, disse.
Tereza Fujii, da coordenação da Fasubra, parabenizou as e os participantes do Conad pela disposição de luta e se reunir para o importante debate da carreira. A dirigente contou que após 118 dias de greve, as técnicas e os técnicos administrativos conseguiram um acordo de reestruturação da carreira, mas seguem em luta para garantir que seja implementado.
A coordenadora do Sindicato de Técnicos da UnB (Sintfub), Francisca Nascimento De Albuquerque, conclamou a categoria docente a participar das atividades do Fonasefe na próxima semana, em frente ao Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), para cobrar do governo a efetivação dos acordos de greve. “Apelo para que a gente mantenha a construção cotidiana da nossa unidade, porque sem unidade da classe trabalhadora não iremos concluir essa e nenhuma outra etapa de luta da nossa classe. A vitória só sairá com a luta”, acrescentou.
Seferian lembrou ainda as tragédias que vivem as populações de diversas regiões do país, afetadas pela faceta climática da crise de civilização que enfrentamos. “De norte a sul do país, as queimadas levaram à asfixia, mataram pessoas pela falta de possibilidade de respirar, interditaram ciclo de vida, emperraram o desejo e fazer do futuro, é essa marca que baliza a construção desse espaço político, resultado de deliberação da categoria no 42º Congresso do nosso Sindicato. Falar de carreira não é outra coisa senão falar de futuro, é falar do hoje e falar da existência e progressão da vida”, lembrou.
InformANDES
Em setembro, o InformANDES trouxe como matéria central a temática que abordada no 15º Conad Extraordinário. Acesse aqui a publicação e saiba mais sobre o histórico de luta do ANDES-SN em defesa da carreira docente.
(Com informações da ANDES/SN – Fotos: Eline Luz/Andes)
Gazeta Trabalhista – Fone/Whats: 99213-7842 – Email: gazetatrabalhista@gmail.com
Servidores públicos federais têm agenda de mobilização em Brasília nos dias 15 e 16 de outubro