Feira da Praça do Ceguinho volta neste sábado, 11, com homenagem a filho que partiu por conta da covid
A feira da Praça do Ceguinho, no bairro Cabreúva em Campo Grande, volta neste sábado, 11 de setembro, com sua proposta de agenda multicultural. O evento teve quatro edições entre 2019 e 2020 e teve de ser interrompido, por conta da Covid-19.
Dessa vez, a quinta edição está um pouco emotiva, porque o idealizador da feira está na lista das quase 600 mil vidas perdidas pelo coronavírus no país. Humberto de Alencar tinha 55 anos e era um dos filhos de Vergnaud Arnaldo de Alencar, o Ceguinho. Ele morreu em junho depois de lutar bravamente por 60 dias contra a doença que abalou o mundo.
“Humberto não teve tempo de se vacinar e infelizmente não resistiu às complicações da Covid, por isso vamos dedicar a edição a ele, que tanto fez para que essa praça levasse o nome do nosso pai”, disse Mercedes Alencar, irmã e administradora da Praça do Ceguinho. Porém, a homenagem é mais que justa, uma vez que Humberto, historiador de profissão, foi o responsável por lutar pelo nome de seu pai na antiga Praça Independência, no coração do bairro Cabreúva.
A Praça do Ceguinho está localizada entre a Orla Morena (na Avenida Noroeste) e avenida Ernesto Geisel, no entorno das ruas Arlindo de Andrade e Vasconcelos Fernandes. O evento tem início às 16 horas e vai até 21 horas.
Expositores
Como um espaço cultural, a feirinha na Praça do Ceguinho acolhe expositores de vários segmentos. “É um processo de ajudar e amparar quem empreende. Estamos abertos a todos os nichos e a intenção é fomentar a produção cultural local”, argumenta Mercedes.
Para essa edição já estão confirmados mais de 15 expositores dos mais variados estilos. De gastronomia a artesanato. Vale de tudo na Praça do Ceguinho!
“Ceguinho”, o Vergnaud Arnaldo de Alencar foi um grande empreendedor do seu tempo, entre os anos 1940 e 1980. Sua chegada em Campo Grande ocorreu no final do ano de 1947, tendo em vista o franco desenvolvimento desta importante cidade no cenário mato-grossense (na época), com suas habilidades para o comércio, construção civil e ramo imobiliário.
Destacamos a conjuntura daqueles tempos, tendo ele vivido em uma época de grande movimentação e desenvolvimento da história social e econômica de Campo Grande, onde se estabeleceu e constituiu um grande número de amigos, figuras ilustres e anônimos concidadãos, que o reconheceram nele como um personagem ímpar de nossa sociedade: entusiasmado, relutante, desbravador, empreendedor, poeta e determinado a realizar sempre, apesar de sua deficiência visual.
Fica na memória dos que tiveram a oportunidade de conhecê-lo em vida como um grande predestinado, humanista e um grande acolhedor principalmente dos desafortunados da sorte e imigrantes que aqui chegavam vindos de trem.
Seu Alencar, o “Ceguinho” como passa a ser identificado por alguns, não levava em conta a vida pregressa e de trabalho de seus fregueses e inquilinos, financiando a construção ou alugando casas e apartamentos tipicamente populares a preços módicos e sem fiador, exigindo apenas o adiantamento dos aluguéis.
Para tanto, iniciou aqui suas atividades de construtor ainda na Vila Planalto e adjacências, onde teve oportunidade de construir e alugar diversos imóveis localizados entre as Ruas Apulcro Brasil e General Câmara. Logo, estabeleceu um comércio de tecidos e fábrica de ladrilhos, no bairro Amambaí, na esquina das Ruas I-Juca Pirama (hoje Cândido Mariano) e Saldanha Marinho, em frente ao então Colégio Estadual Campo-grandense (hoje Maria Constança). Neste bairro adquiriu terreno e construiu o Edifício “Dona Santa”, prédio residencial e comercial de três andares, conhecido e popular na região a partir dos anos 1960.
No espaço, onde se localiza a Praça Vergnaud Arnaldo de Alencar -carinhosamente apelidada de Praça do Ceguinho, entre as ruas Vasconcelos Fernandes e Dr. Arlindo de Andrade, ele não somente residiu como construiu diversos edifícios que perduram até o presente momento nas mãos de seus descendentes.
Feira Multicultural na Praça do Ceguinho
Data: 11 de setembro (sempre aos segundos sábados do mês)
Horário: 16h às 21h
Local: Rua Arlindo de Andrade, 361 – Bairro Cabreúva – Campo Grande/MS
Fones para contato:
Mercedes Alencar (67) 9 8193-3872
Carol Alencar (11) 9 9546-7617