Greve dos petroleiros cresce com adesões de novas plataformas; paralisação atinge também Usina Termelétrica em Três Lagoas (MS)

Greve dos petroleiros cresce com adesões de novas plataformas; paralisação atinge também Usina Termelétrica em Três Lagoas (MS)

  A greve nacional dos petroleiros completou ontem 12 dias com a ampliação do movimento em todo o Sistema Petrobras. Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP)  na quarta-feira, 12, já são 108 unidades na greve, em 13 estados, com mais de 20 mil petroleiros mobilizados. De acordo com  Federação,  a paralisação afeta, entre outras unidades, 48 plataformas de extração, 11 refinarias e 20 terminais.

  Segundo Antônio Fernandes, que trabalha na Usina Termelétrica em Três Lagoas (MS), a greve é contra as demissões em massa no sistema Petrobras, fruto do “desinvestimento” na estatal. A Petrobras está vendendo unidades em todo país. A greve teve início após o anúncio de mais de 1.000 trabalhadores no Paraná e foi gradativamente se estendendo para todo país.

  Os trabalhadores cobram o cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho, que estaria sendo descumprido em diversos pontos, entre eles a cláusula que garante a não demissão. O cumprimento da carga horária (tabela de turno), marcação de ponto, e sistema de férias estão entre os problemas apontados pelos trabalhadores.

  Os petroleiros denunciam também o “boicote” às refinarias do país, que estariam funcionando com 50% da capacidade, pois a Petrobras prefere trocar petróleo bruto no mercado internacional pelo produto acabado, como a gasolina e diesel. Isso seria benéfico para as petroleiras internacionais, tendo em vista a dolarização do preço do petróleo e dos combustíveis. Segundo Antônio o pais poderia ser autossuficiente na produção da gasolina se as refinarias estivessem operando com toda capacidade instalada.

Ato de Apoio em Três Lagoas

  Nesta quarta, 12, diversas entidades (entre elas o Sinted e a Adufms) fizeram um ato de apoio em frente da Usina Termelétrica de Três Lagoas, manifestando solidariedade aos trabalhadores e contra a privatização da Petrobras e as demissões.

Ato de apoio ao movimento aconteceu nesta quarta, em Três Lagoas (Fotos: Sinted)

Novas adesões

No Rio Grande do Norte, os trabalhadores das plataformas PUB-2 e PUB-3, que operam o Campo de Ubarana, no litoral do estado, cortaram a rendição nos embarques e os que estão à bordo pedem para desembarcar. No Espirito Santo e na Bacia de Campos, os petroleiros das plataformas também estão aderindo à greve.

Retaliações da Petrobras põem mais combustível na greve

  A greve iniciada no dia primeiro de fevereiro já é a mais importante da categoria desde 1995, quando os petroleiros realizaram a mais longa greve de sua história, que durou 32 dias.

  Segundo a Federação dos Petroleiros, na tentativa de dividir os trabalhadores, a gestão da Petrobrás parte para o ataque. Além de criminalizar a greve perante o judiciário, bloqueia o acesso dos petroleiros às unidades, impedindo a categoria de cumprir a liminar que a própria empresa obteve junto ao Tribunal Superior do Trabalho.

  As retaliações da empresa contra os petroleiros incluem agora descontos nos contracheques, o que só aumenta a indignação da categoria, que segue aderindo espontaneamente à greve, de norte a sul do país.

Comissão da FUP segue no Edise e Petrobras amarga nova derrota judicial

  A direção da Petrobras poderia resolver o impasse criado por ela e negociar com a Comissão da FUP alternativas para evitar a demissão em massa dos trabalhadores da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR) e suspender as medidas unilaterais que violam o Acordo Coletivo de Trabalho.

  Em vez disso, a gestão da empresa prefere o confronto, mas continua sendo derrotada nas tentativas de expulsar os cinco dirigentes sindicais que seguem há 13 dias ocupando uma sala de reunião no quarto andar do edifício sede da estatal, no Rio (Edise). A Petrobras já amarga quatro decisões judiciais contrárias à expulsão da Comissão Permanente de Negociação da FUP.

  A mais recente é o parecer do procurador regional do Trabalho da 1ª Região, Márcio Octávio Vianna Marques, que indeferiu o mandado de segurança impetrado pela empresa e autorizou a permanência dos sindicalistas no Edise.

  Um grupo com mais de 20 petroleiros de vários estados segue em Brasília desde o início da semana, reunindo-se com parlamentares e representantes do Ministério Público e da Justiça do Trabalho, na tentativa de que façam interlocução com a direção da Petrobras para que negocie com a Comissão da FUP.

  Os petroleiros seguem em greve nacional, com apoio da sociedade que vem se solidarizando com a luta da categoria. A greve já ecoa em todo o país, mobilizando vários outros setores da classe trabalhadora. 

Quadro nacional da greve – 12/02

50 plataformas

11 refinarias

23 terminais

7 campos terrestres

5 termelétricas

3 UTGs

1 usina de biocombustível

1 fábrica de fertilizantes

1 fábrica de lubrificantes

1 usina de processamento de xisto

2 unidades industriais

3 bases administrativas 

A greve em cada estado: 

Amazonas

Terminal de Coari (TACoari)

Refinaria de Manaus (Reman)

Ceará

Plataformas – 09

Terminal de Mucuripe

Temelétrica TermoCeará

Fábrica de Lubrificantes do Nordeste (Lubnor)

Rio Grande do Norte

Plataformas – PUB-2 e PUB-3

Ativo Industrial de Guamaré (AIG)

Base 34 e Alto do Rodrigues – mobilizações parciais

Pernambuco

Refinaria Abreu e Lima (Rnest)

Terminal Aquaviário de Suape

Bahia

Terminal de Candeias

Terminal de Catu

UO-BA – 07 áreas de produção terrestre

Refinaria Landulpho Alves (Rlam)

Terminal Madre de Deus

Usina de Biocombustíveis de Candeias (PBIO)

Espírito Santo

Plataforma FPSO-58

Terminal Aquaviário de Barra do Riacho (TABR)

Terminal Aquaviário de Vitória (TEVIT)

Unidade de tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC)

Sede administrativa da Base 61

Minas Gerais

Termelétrica de Ibirité (UTE-Ibirité)

Refinaria Gabriel Passos (Regap)

Rio de Janeiro

Plataformas (34) – PCH1, PCH2, P07, P09, P15, P18, P19, P20, P26, P31, P32, P35, P37, P43, P47, P48, P50, P51, P52, P53, P55, P56, P61, P62, P63, P56, PNA2, P12, P54, PGP1, P25, P74, P76, P77

Terminal de Cabiúnas, em Macaé (UTGCAB)

Terminal de Campos Elíseos (Tecam)

Termelétrica Governador Leonel Brizola (UTE-GLB)

Refinaria Duque de Caxias (Reduc)

Terminal Aquaviário da Bahia da Guanabara (TABG)

Terminal da Bahia de Ilha Grande (TEBIG)

Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj)

São Paulo

Terminal de São Caetano do Sul

Terminal de Guararema

Terminal de Barueri

Refinaria de Paulínia (Replan)

Refinaria de Capuava, em Mauá (Recap)

Refinaria Henrique Lages, em São José dos Campos (Revap)

Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (RPBC)

Plataformas (04) – Mexilhão, P66, P67 e P69

Terminal de Alemoa

Terminal de São Sebastiao

Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato (UTGCA)

Termelétria Cubatão (UTE Euzébio Rocha)

Torre Valongo – base administrativa da Petrobras em Santos

Terminal de Pilões

Mato Grosso do Sul

Termelétrica de Três Lagoas (UTE Luiz Carlos Prestes)

Paraná

Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar)

Unidade de Industrialização do Xisto (SIX)

Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FafenPR/Ansa)

Terminal de Paranaguá (Tepar)

Santa Catarina

Terminal de Biguaçu (TEGUAÇU)

Terminal Terrestre de Itajaí (TEJAÍ)

Terminal de Guaramirim (Temirim)

Terminal de São Francisco do Sul (Tefran)

Base administrativa de Joinville (Ediville)

Rio Grande do Sul

Refinaria Alberto Pasqualini (Refap)

Fonte: FUP (Federação Única dos Petroleiros)

 

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