Mercado prevê alta dos juros nesta quarta: quais os impactos na economia?

Marcello Carvalho, economista na WIT Invest, avalia as expectativas sobre medidas dos bancos centrais – do Brasil e Estados Unidos – que devem ser divulgadas nesta quarta-feira e seus impactos na economia.

• Quais são as expectativas do mercado para a decisão do Banco Central brasileiro em relação à taxa Selic na próxima Super Quarta?

A expectativa é que se reduza o ritmo de altas e que teremos uma alta entre 0,5% e 0,75% na Selic na próxima Super Quarta.

• Quais são as expectativas para a decisão do Fed sobre os juros nos Estados Unidos? Como ela afeta os investidores brasileiros?

A expectativa é de ainda manutenção da taxa de juros pelo Fed. Porém, ainda existe uma leve esperança, apesar de pouco provável, de que os juros comecem a cair já nessa reunião. Com isso, teremos maiores incentivos para maiores entradas de capital estrangeiro para o Brasil, devido ao aumento da atratividade de adquirir títulos de renda fixa brasileiros.

• Como uma possível mudança na política de juros do Fed pode afetar o mercado financeiro brasileiro e o câmbio?

Caso tenhamos uma mudança na política de juros do Fed e iniciar o ritmo de cortes, poderemos aumentar ainda mais a atratividade dos ativos de renda fixa brasileiros, atraindo mais dólares para a economia e ajudando a reduzir o câmbio.

• Como o comportamento do dólar frente ao real, impulsionado pelas decisões do Fed, pode afetar a economia brasileira e os investimentos? 

Caso o Fed tome decisões que prejudiquem o dólar, temos uma tendência de queda na taxa de câmbio devido ao maior fluxo da moeda para o Brasil. Por conta disso, também fica mais interessante para os brasileiros adquirirem mais bens e serviços vindos do estrangeiro. Da mesma forma, fica mais atraente para que os brasileiros aumentem a exposição em investimentos internacionais.

• Quais setores da economia ou tipos de investimentos podem se beneficiar ou sofrer com as decisões anunciadas?

Os principais setores que sofrem com taxas de juros elevadas são os setores que dependem drasticamente de financiamento, como é o setor de varejo e o setor imobiliário. Dessa forma, as ações ligadas a esses setores devem sofrer em caso de qualquer sinal de piora de resultados.

• Como as decisões do Fed e do Copom podem impactar o câmbio e a atratividade de investimentos no Brasil? 

Caso tenhamos um aumento da taxa de juros brasileira e uma manutenção da taxa de juros do EUA, podemos esperar que o Brasil se torne mais atrativo para investimentos em renda fixa quando comparados com os disponíveis nos EUA, o que impactaria em uma redução na taxa de câmbio de curto prazo, devido a entrada de dólares no Brasil.

• Como a decisão do Copom pode afetar o apetite dos investidores pelo mercado financeiro nacional?

Com um aumento na taxa de juros brasileira, aumentará a atratividade dos investidores em realizar aplicações no mercado financeiro em vez de utilizar o recurso ou até mesmo em investir na economia real.

• Diante das decisões do Fed e do Copom, quais setores da bolsa brasileira podem se beneficiar ou sofrer impactos?

Com a tomada das decisões por parte do Fed e do Copom, é esperado que setores como o Bancário sofram impactos positivos, visto a possível melhora nas taxas dos financiamentos. Porém, os setores que dependem mais de crédito, como o setor de construção civil, terão problemas no curto prazo.

• Quais os principais fatores que o investidor brasileiro deve monitorar nesta Super Quarta?

Os principais fatores que os investidores devem monitorar são o quanto os fatores políticos estão impactando a tomada de decisão por parte do Fed, nos EUA, e do Copom, no Brasil.

• Como as decisões do Fed e do Copom nesta Super Quarta deverão impactar o cenário econômico brasileiro até o final do primeiro semestre de 2025?

As taxas de juros decididas pelo Fed e pelo Copom são o ponto de referência de diversas taxas de financiamentos do Brasil e do mundo. Como a expectativa é de mantermos taxas altas, é esperado uma desaceleração da economia e redução das contratações de crédito pelo menos até o final do primeiro semestre.

(Fonte: Agência ERA® – Foto: Arquivo EBC)