Nuvem de gafanhotos no sul pode estar relacionada ao aquecimento global

Nuvem de gafanhotos no sul pode estar relacionada ao aquecimento global

Ocorrência de infestações em diversas partes do mundo indica que elevação das temperaturas aumenta a velocidade de reprodução dos gafanhotos

 Uma nuvem de gafanhotos que devastou plantações no Paraguai e atualmente se concentra na Argentina pode chegar a regiões agrícolas do Sul do Brasil. O alerta às autoridades brasileiras foi dado pelo Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa). Nessa terça-feira (23), os insetos se concentravam na província argentina de Santa Fé, a 250 km da fronteira com o Rio Grande do Sul.

A nuvem tem cerca de um quilometro quadrado de área, podendo chegar a 40 milhões de insetos, estimam os especialistas. De acordo com a Senasa, eles podem percorrer até 150 km por dia, dependendo da direção dos ventos. E consomem diariamente o equivalente ao que um rebanho de 2 mil vacas ou 350 mil pessoas comeriam.

A praga entrou na Argentina em 21 de maio, mas logo retornou ao Paraguai e permaneceu no país por uma semana antes de voltar ao território argentino. Como resultado, os insetos têm dizimado plantações de mandioca, milho e cana-de-açúcar nos dois países.

No Brasil, a praga poderia afetar a parte oeste dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, regiões que fazem fronteira com Paraguai e Argentina. Mas há indicativos de que a nuvem estaria se deslocando para o sul da Argentina, em direção ao Uruguai.

Apesar da destruição nas plantações e áreas vegetais selvagens, as autoridades argentinas afirmam que os animais não transmitem doenças nem causam lesões aos humanos.

Aquecimento global

Em janeiro, agricultores do Quênia, Somália e Etiópia também enfrentaram a maior infestação de gafanhotos dos últimos 70 anos. Em maio, foi a vez da praga também atingir regiões na Índia. Portanto, a incidência em diversas partes indicam que o fenômeno pode ter relação com a elevação das temperaturas em todo o planeta.

O professor Wagner Ribeiro, do Departamento de Geografia e do programa de pós-graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (USP), explica que as temperaturas mais elevadas contribuem para o aumento da velocidade de reprodução desses insetos.

“Sabemos que existem registros da praga de gafanhotos. Mas a frequência com que estamos assistindo é que, realmente, traz muita preocupação”, afirmou em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta quarta-feira (24).  Para ele, trata-se de mais uma consequência ambiental do modo “predador” de exploração capitalista.

(Fonte:Rede Brasil Atual – Foto: SENASA)

Assista à entrevista no Jornal Brasil Atual:

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