PF investiga esquema de contratação de funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa

PF investiga esquema de contratação de funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa

Pessoas eram contratadas apenas para repassar parte dos salários para assessores, como no caso do ex-motorista de Flávio Bolsonaro, que movimentou R$ 1,2 milhão em um ano

Senhores Feudais” é o nome da operação da Polícia Federal (PF) que investiga um suposto esquema de contratação de servidores fantasmas por deputados do Rio de Janeiro, segundo relatório da PF vazado para o jornal O Estado de São Paulo nesta quinta-feira (13). No relatório, a PF conclui que há indícios de um esquema de contratação de servidores que repassariam parte de seus salários para deputados e assessores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

  Este é, supostamente, o caso do policial militar Fabrício de Queiroz, ex-motorista e segurança de Flávio Bolsonaro (PSL). Com um salário de Assessor Parlamentar de R$ 8.517 mil, além do salário como PM, Fabrício movimentou em sua conta corrente R$ 1,2 milhão em um ano, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF). Para órgão, movimentação é atípica.

  Cruzamentos de dados mostram que mais da metade dos depósitos em dinheiro na conta de Fabrício ocorreram no dia do pagamento dos funcionários da Alerj ou em até três dias úteis depois.

  Um desses funcionários é o tenente-coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Wellington Servulo Romano da Silva. Segundo denúncia revelada nesta quarta-feira (12) pelo Jornal Nacional, o ex-assessor passou 248 dias fora do Brasil durante o período de um ano e quatro meses em que trabalhou para o filho de Bolsonaro, recebendo salários e gratificações mesmo quando estava fora do país. De acordo com relatório do COAF, Servulo fez uma transferência de R$ 1,5 mil para o motorista Fabrício dias após o pagamento de salário dos servidores da Alerj.

  Cheque para primeira-dama

  Além disso, Fabrício repassou um cheque de R$ 24 mil para Michelle Bolsonaro, esposa do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que, indiretamente, acabou envolvido no caso.

  Até agora, a família Bolsonaro não deu explicações convincentes sobre o caso. Logo após as denúncias, Bolsonaro pai disse o cheque de R$ 24 mil que Michelle recebeu de Fabrício foi parte do pagamento de um empréstimo que ele fez para o amigo e ex-motorista do filho, no valor total de R$ 40 mil. Bolsonaro só não explicou porque não declarou no Imposto de Renda o suposto empréstimo ao ex-assessor do filho e por que só há registros de devolução de R$ 24 mil para a sua esposa.

  Ele também não explicou por que, se há registros parciais de “devolução” do dinheiro, não há os registros de saída de sua conta para emprestar dinheiro ao motorista e amigo Fabrício.

  Já seu filho, fez postagens na sua conta no Twitter, nada mais. Em uma delas, Flávio disse que conversou com seu ex-motorista, uma pessoa de sua inteira confiança, que lhe deu uma ‘explicação plausível’, mas não disse que explicação foi essa. Em outra, disse que continua com sua consciência tranquila.

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