Uso de bicicletas em Campo Grande: Câmara reuniu usuários, especialistas e autoridades para discutir a questão
A Câmara Municipal de Campo Grande reuniu usuários, especialistas e autoridades em trânsito para discutir, em audiência pública nesta segunda-feira (18), o uso da bicicleta como meio alternativo de transporte. O debate foi convocado pela Comissão Permanente de Mobilidade Urbana.
Segundo Ana Carbone, da União de Ciclistas do Brasil, não há uma política pública eficiente que priorize o uso de meios de transporte alternativos. “O Brasil tem em uma lógica rodoviarista. Existe uma falta de política pública que priorize de fato a mobilidade urbana do ponto de vista das pessoas. Temos um sistema de transporte que é ineficiente e uma implementação de uma infraestrutura que é focada no carro mais do que qualquer outro veículo”, analisou.
Participante da audiência, Pedro Garcia, do coletivo Bici nos Planos, cobrou mais segurança e, principalmente, educação com aqueles que usam a bicicleta como meio de transporte ou lazer. “Há uma falha em algum momento do processo de formação dos condutores. Não sei se na parte teórica, ou na parte prática. Muitos tiram aquela fina, ameaçam de morte com o carro. Depois de ameaçarem, ainda xingam e mandam pedalar na calçada o na ciclovia. Mas, tem ruas que não têm ciclovias. Onde vamos andar? Quais soluções podem ser propostas?”, questionou.
O presidente do Conselho Regional de Psicologia, Walkes Jacques Vargas, lembrou que o trânsito não pode ser um campo de batalha, mas, sim, um espaço de convivência harmoniosa. “Para Campo Grande realmente ser a capital das oportunidades, as pessoas precisam ter a oportunidade de sair de suas casas sem medo. Poderem se movimentar na cidade, ocupar os espaços públicos da cidade com segurança, sem medo de que alguma coisa aconteça com a sua integridade física. Precisamos de uma Capital em que as pessoas não estejam no trânsito competindo pelos espaços públicos, mas que elas ocupem de maneira harmoniosa, de uma forma em que as pessoas possam conviver em sociedade”, analisou.
O conselheiro do Cetran (Conselho Estadual de Trânsito), Luiz Carlos Duarte Magalhães, afirmou que falta sensibilidade aos usuários. “As leis estão postas. Se todos cumprissem, não haveria necessidade de implantação de mais leis. O Brasil é célere em criar leis, mas não em cumpri-las. A velocidade máxima em Campo Grande é 50 km/h. Mas as pessoas andam a 120 km/h”, afirmou.
Já a vereadora Luiza Ribeiro defendeu um debate contínuo a respeito do tema. “Temos muito a avançar. Dentro da comissão, tirar uma comissão específica para discutir o uso da bicicleta. Vamos ter um caminho pela frente. Precisamos nos encontrar outras vezes nesse ambiente para discutirmos e projetarmos Campo Grande melhor para nós, principalmente os que andam de bicicleta”, ponderou.
“É fundamental a gente pensar hoje em uma cidade moderna. A construção da cidade condensada ela é muito importante e, nesse momento, a bicicleta é um elemento fundamental nessa nova construção. Não falamos só da questão de mobilidade: também falamos na qualidade de vida. É muito importante a gente ter esse conceito amplo da importância do ciclismo”, disse o vereador Prof. André Luís.
“A gente tem que entender que estamos no século 21 e não há mais espaço para veículo particular nas ruas. O transporte público de qualidade tem que ser a opção. Precisamos de um transporte público de qualidade para substituir. Utilizando o ônibus, a gente abre espaço nas ruas para que outros modais possam ocupá-los, como é o caso da bicicleta”, completou o parlamentar.
“O carro precisa deixar de ser o mais confortável e conveniente. Sabemos hoje que o veículo motorizado não é a solução para as nossas cidades. É fundamental que tanto Legislativo, quanto o Executivo, criem políticas para deslocamentos mais eficientes, mais econômicos, mais agradáveis e sustentáveis”, sugeriu.
Dados apresentados na audiência mostram que a violência no trânsito custa em torno de R$ 50 bilhões ao ano aos cofres públicos. Além disso, entre 2010 e 2019, o Brasil registrou crescimento de 13,5% no número absoluto de mortes por sinistros de trânsito. Os números são do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
(Fonte: Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal)
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