‘Acho muito difícil Flávio Bolsonaro escapar’, diz Marcelo Freixo

‘Acho muito difícil Flávio Bolsonaro escapar’, diz Marcelo Freixo

Para deputado, que presidiu a CPI das Milícias no Rio de Janeiro em 2008, quando a esposa de Queiroz for presa vai ser “difícil que o silêncio se mantenha”

As investigações em andamento contra o senador Flávio Bolsonaro ( Republicanos-RJ) o colocam em uma situação muito longe de ser simples. “Acho muito difícil Flávio escapar, as provas são muito robustas”, diz o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ), entrevistado pela RBA. “Quando a (Márcia Oliveira de Aguiar) esposa do (Fabrício) Queiroz for presa, e ela é uma foragida hoje, acho difícil que o silêncio se mantenha. Depois, tem que ver de que maneira isso vai repercutir na imagem do pai.”

Para Freixo, “a prisão do Queiroz é tardia, porque as investigações sobre esquemas de corrupção dentro do gabinete do (então) deputado Flávio Bolsonaro (na Assembleia Legislativa do Rio) são antigas e, claramente, o Queiroz vinha operando por destruição de provas e inibição de testemunhas”.

Segundo a CNN Brasil, o Ministério Público do Rio de Janeiro e a defesa de Queiroz negociam um acordo de delação premiada. Como se divulgou desde a prisão do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, a maior preocupação de Queiroz é sua família. Na negociação com o MP, ele reivindica garantias de proteções à mulher e para as filhas Nathalia e Evelyn Queiroz. Todas são investigadas no “esquema da rachadinha”.

A prisão de Márcia foi decretada pelo mesmo juiz, Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, que ordenou a prisão do marido. Ela está foragida desde quinta-feira da semana passada (18), quando o ex-assessor de Flávio Bolsonaro foi preso. Segundo o juiz, Márcia tem papel fundamental na obstrução das investigações e, em liberdade, pode continuar a agir.

Terremoto

A situação tem potencial para abalar gravemente o clã Bolsonaro, na opinião de Freixo. “Politicamente, é muito grave um senador, muito ligado à imagem do pai, preso, por um esquema de corrupção”, diz.

Segundo o Ministério Público, Queiroz recebeu R$ 2 milhões em repasses feitos por 13 ex-assessores do gabinete. Já Flavio Bolsonaro foi apontado pelo mesmo MP como “chefe de uma organização criminosa”, conforme revelou reportagem da TV Globo em dezembro de 2019.

De acordo com o MP, “as provas permitem vislumbrar que existiu uma organização criminosa com alto grau de permanência e estabilidade, entre 2007 e 2018, destinada à prática de desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro”.

O deputado do Psol destaca que, segundo as investigações, as relações da família com Queiroz não se restringem a Flávio. Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar “fantasma”, como diz o MP, era lotada no gabinete de Jair Bolsonaro em Brasília, quando era deputado, no mesmo período em que ela exercia a atividade de personal trainer no Rio de Janeiro, em horário comercial.

Sobre a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), que concedeu foro privilegiado a Flávio, o que remeterá seu processo à segunda instância, Freixo vê “contradição, porque é uma família que passou a vida inteira criticando o foro privilegiado, e na hora de proteger filho de crime que cometeu, recorrem ao foro”. Para ele, a decisão do TJ-RJ “pode retardar um pouco o processo, mas não o inocenta e não o livra”.

Centrão

As movimentações do Centrão, hoje o principal pilar de sustentação de Bolsonaro no Congresso Nacional, apontam para vários interesses políticos desses parlamentares, na avaliação do deputado do Psol. “Eles têm muitos interesses em jogo. Fugir da Lava Jato, garantir cargos para fazer a velha política de sempre, a do toma lá dá cá, tentar garantir eleição em cidades importantes no Nordeste. São interesses do Centrão no governo Bolsonaro.”

Para Freixo, “quanto mais o Centrão puder controlar Bolsonaro, mais fácil de eles conquistarem esses interesses”. Por outro lado, “qualquer crise que abale a família de Bolsonaro torna o presidente mais frágil”.

(Fonte: Rede Brasil Atual – Fotos: Flavio Bolsonaro: Pedro França/Ag. Senado- Queiroz: reprodução rede social – Jair Bolsonaro: Isac Nóbrega/PR)

 

 

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