Bolsonaro muda narrativa e admite aprovar “fundão” eleitoral de R$ 4 bilhões

Bolsonaro muda narrativa e admite aprovar “fundão” eleitoral de R$ 4 bilhões

Numa surpreendente mudança de narrativa a respeito do fundo eleitoral, apelidado de “fundão”, o presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta segunda, 26, que pode aprovar o fundo com um valor de R$ 4 bilhões. Essa seria a verba a ser utilizada pelos partidos na eleição de 2022.

O Congresso Nacional aprovou um fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões o que foi duramente criticado pelo presidente. O valor atual é de R$ 1,7 bilhões. Bolsonaro considerou o valor muito alto e passou a criticar o valor aprovado pelo Congresso.

Nas redes sociais os apoiadores do presidente passaram a atacar o congresso, pedindo o fim do fundão – tido como uma “mamata para os partidos”, entre outros adjetivos para o fundo eleitoral.

Bolsonaro porém começou a mudar a narrativa. Preocupado em ter apoio dos mesmos políticos e partidos que ele critica para o seu projeto de reeleição em 2022, mudou o discurso. Primeiro propôs um reajuste do fundo pela inflação e agora admitiu aprovar um valor de R$ 4 bilhões, ou seja, um aumento de R$ 2,3 bilhões sobre o valor atual de R$ 1,7 bilhões (mais que o dobro do valor atual).

Apesar de criticar em público os partidos e políticos de forma geral, nos bastidores Bolsonaro acena para esses mesmos políticos e partidos. O mais recente ato concreto foi a aproximação com o chamado “centrão”, convidando o senador Ciro Nogueira (do PP) para substituir o general Luis Eduardo Ramos como ministro da Casa Civil, que é responsável pela articulação política do governo com o congresso e também por onde passam nomeações para grande número de cargos públicos no governo federal.

Fechado com o centrão, Bolsonaro agora muda as narrativas que antes propagava. O centrão deixa de ser um antro de corruptos (existe um vídeo antigo do general Heleno cantando na convenção do PSL que “se gritar pega centrão, não fica um meu irmão) e passa a ser um grupo aliado. Bolsonaro chegou a afirmar que ele nasceu e é centrão.

Resta saber como essas mudanças de narrativas por conta de alianças oportunistas – com finalidade eleitoral – vão impactar seus apoiadores, tão críticos que são do centrão, do congresso e do fundo eleitoral.

Eber Benjamim – Jornalista

(Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil)

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