Campo Grande: ACP lança campanha contra o retorno das aulas presenciais em 2020
A ACP lançou, na quarta-feira (19), a campanha em Defesa da Vida. Além de informar a população sobre os riscos da reabertura das escolas e mobilizar a categoria em defesa da vida, o sindicato participa do Comitê de Gerenciamento da Pandemia e defenderá, nessa instância, a manutenção exclusiva das aulas remotas em 2020. Em pleno auge do surto de COVID-19 no país, com uma média de mortes acima de mil vidas perdidas diariamente, a sociedade vê o acirramento do debate e das pressões para o retorno das aulas presenciais nas escolas. Em Mato Grosso do Sul e Campo Grande, a situação está à beira do colapso na saúde pública há mais de um mês.
Diante desse cenário, em que o país ainda parece estar longe de uma redução da pandemia, o retorno de professores, funcionários e alunos às escolas colocaria não apenas essas pessoas, como também toda a população em grande risco. Em todos os países onde houve a volta às aulas presenciais, isso aconteceu após certo grau de controle do surto de transmissão e mortes por COVID-19, no entanto, em muitos lugares, apesar da adoção de medidas de biossegurança, os casos de contágio aumentaram e as escolas precisaram ser fechadas novamente.
Nesse sentido, recentemente, a Sociedade de Pediatra dos Estados Unidos realizou uma pesquisa que apontou um significativo aumento de casos entre crianças após a reabertura de escolas em alguns estados do país. No contexto das escolas públicas brasileiras, a realidade é ainda mais arriscada: nossas unidades não têm a mínima estrutura física para o emprego de medidas como distanciamento e higiene de professores, funcionários e estudantes.
Em nota onde detalha o posicionamento das entidades sindicais de trabalhadores e trabalhadoras da educação pública brasileira, a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) pondera que alguns protocolos e legislações locais, que preveem o retorno às aulas presenciais, incorrem em pelo menos duas situações insensatas. Uma, que prevê o retorno aos estabelecimentos escolares sem que todos estejam aptos a receber os estudantes e profissionais da educação nesse momento pandêmico. Ou seja: os protocolos não correspondem à realidade da maioria das escolas e desprezam o risco iminente das diferentes formas de contágio da COVID-19. Outra, que pretende eximir os gestores públicos das responsabilidades civis, criminais e administrativas em caso de mortes nas escolas. Pior: querem que as famílias se responsabilizem por suas inconsequentes ações e omissões.
Entre as famílias, a apreensão sobre a segurança na proteção das vidas é alta. Uma pesquisa Datafolha publicada no final da noite desta segunda-feira (17) no site do jornal “Folha de S.Paulo” apontou que 79% dos brasileiros defendem que as escolas devem permanecer fechadas. O mesmo percentual dos entrevistados acredita que a reabertura das escolas pode agravar a pandemia.
“A ACP defende a vida! Por isso somos contra a retomada das aulas presenciais em 2020. Os professores estão trabalhando muito desde o início da pandemia para promover o conhecimento e garantir o aprendizado de nossos alunos. É inadmissível que o poder público exponha ainda mais vidas ao risco de contaminação, morte e sequelas que a COVID-19 pode causar. Estamos na linha de frente ao combate dessa doença terrível, uma vez que as aulas remotas têm contribuído de maneira muito significativa para conter a transmissão do coronavírus e, por sua vez, evitar o colapso do sistema de saúde. Sigamos firmes nessa batalha!”, afirma o presidente da ACP, professor Lucílio Nobre.
Juntamente com a FETEMS e a CNTE, a ACP afirma: Diferente da condução desastrosa e criminosa que os agentes públicos brasileiros (sobretudo o governo federal) empregaram ao combate da COVID-19 – fato que mantém o país entre os recordistas de mortes no planeta –, não permitiremos que essa triste e hedionda realidade se espalhe em nossas escolas. As redes educacionais no Brasil (pública e privada) possui 53,6 milhões de estudantes, sendo 47,9 milhões na Educação Básica e 8,4 milhões no Ensino Superior. Somos cerca de 6 milhões de trabalhadores/as em educação em todos os níveis, etapas e modalidade de ensino. Portanto, representamos quase 1/3 da população do país, que somada aos nossos familiares passa da metade dos 210 milhões de habitantes.