Campo Grande: moradores da região do Lageado pedem urgência sobre mau cheiro e cobram melhorias para o bairro, na Câmara

Campo Grande: moradores da região do Lageado pedem urgência sobre mau cheiro e cobram melhorias para o bairro, na Câmara

Segurança, asfalto, iluminação pública e soluções para o mau cheiro na região do Parque Lageado, em Campo Grande, foram as principais demandas apresentadas por moradores durante o seminário “O Meio Ambiente e os Desafios do Bairro Lageado”, realizado na Câmara Municipal, na manhã desta segunda-feira (26). A população está formulando a proposta Renasça Lageado para elencar as prioridades da região, algumas delas consideradas urgentes.

Moradores presentes

Moradores compareceram ao seminário para apresentar suas demandas. O desafio é grande, na avaliação de Rubens Honório Alcantara, presidente da Associação de Moradores do Bairro Lageado. Ele avalia que a ocupação do local foi desorganizada. “Fomos colocados lá com lonas e começamos nossa luta. Se fosse planejado, teria esgoto, iluminação e ruas que realmente comportassem as pessoas. Hoje estamos vivendo a realidade de uma população que aos trancos e barrancos foi se desenvolvendo”, disse. Ele lembrou, porém, que o “Orçamento é curto para tanta coisa” e destacou o planejamento do Renasça Lageado, que está sendo elaborado.

Mau cheiro incomoda bairros da região sul de Campo Grande

Liderança do Parque do Sol, Virginia Elias, fez um desabafo sobre a demora em providências para resolver o problema do mau cheiro na região. “Falam de planejamento, mas não plantaram nada, não fizeram nada para resolver o odor da região. (As empresas) podem trabalhar, mas tem que pensar na saúde do cidadão que mora lá”, disse. Asfalto também esteve entre suas cobranças.

Iluminação pública, patrolamento e asfalto, além de segurança pública foram as principais necessidades apontadas por Antônio Correa da Silva, da Associação de Moradores José Teruel Filho. “Esses são os pedidos que queria fazer para o poder público. São pedidos para ontem”, afirmou. Ele lembrou que havia uma previsão, que acabou não concretizada, para a Guarda Municipal instalar-se na região, garantindo mais segurança, até mesmo considerando a proximidade dos presídios.

A necessidade de parcerias para garantir melhorias foi ressaltada por Emerson Leguizomon, presidente da Associação de Moradores do Jardim Colorado. “Unimos nossas forças para passar dados da nossa região. Precisamos de situações urgentes a curto prazo e outras a médio e longo prazos”, afirmou. Ele lembrou que empresas instalaram-se na região, mas não ocorreram melhorias como contrapartida. Uma das urgências é o asfalto, pois várias ruas estão intransitáveis.

Dados – O Lageado ocupava as últimas posições em relação ao Índice de Qualidade de Vida dos bairros de Campo Grande, conforme dados apresentados pelo diretor de Geoprocessamento, Pesquisa e Informação da Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb), Fabio Nogueira. E, além da infraestrutura, melhorar o acesso à educação, à qualificação e, consequentemente, melhorar a renda das famílias também são necessidades apontadas.

O vereador Prof. André Luis, proponente do seminário, falou da importância de os moradores manifestarem-se para discussão sobre a situação atual e o futuro do Parque Lageado. “Política pública precisa ser construída pela demanda do cidadão. Não pode ser de cima para baixo”, afirmou. Lembrou ainda que a discussão envolve toda a região: além do Lageado, os bairros Parque do Sol, Parque dos Sabiás, Dom Antônio Barbosa, Colorado e Residencial José Teruel Filho.  Para o vereador, é necessário ter uma carta de compromisso dos políticos com o bairro para que os moradores não fiquem apenas com promessas.

Para Luciane Costadele, idealizadora do Projeto “Que Cidadão Eu Quero Ser” e uma das organizadoras do seminário, é fundamental trazer visibilidade ao Bairro Lageado, que recebe vários empreendimentos públicos e privados de Campo Grande. Ele avalia necessidade de mais contrapartidas para a região. Está em elaboração a proposta “Renasça Lageado”, em que as demandas da população serão entregues ao Legislativo, Executivo e Judiciário, além de todos os candidatos a prefeito no próximo ano. “Por que não permanecer no bairro, ter o desenvolvimento e tudo que é necessário para a população?”, questiona.

Para a vereadora Luiza Ribeiro, na hora em que se aproxima da comunidade é possível saber o que está acontecendo. “A questão ambiental é gravíssima, tanto que há necessidade deste seminário. O mínimo não acontece, que é o recolhimento do lixo nas calçadas”, afirmou. Ela aponta a necessidade de a prefeitura levar o Projeto Cidade Limpa para os bairros e ampliar o número de ecopontos, pois hoje são apenas cinco na cidade, distantes da região do Lageado. No planejamento, seriam 30. A melhoria da iluminação pública, alerta a vereadora, também poderia refletir na segurança pública. “É preciso ouvir os líderes, o povo do Lageado e ter um olhar de respeito”.

O diretor de Geoprocessamento, Pesquisa e Informação da Planurb, Fabio Nogueira, fez uma apresentação sobre a evolução histórica, física e socioeconomica do bairro, logo no início do seminário. Ele apresentou todo o processo das divisões dos bairros da cidade, com as mudanças em legislações e no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, com destaque do bairro na região sul, onde está situado o Bairro Lageado.

A apresentação revelou ainda um perfil dos moradores do Lageado e também da infraestrutura da região. Os dados mostram as mudanças ao longo de dez anos, comparando os números de 2010 para 2020. Um dos dados mais preocupantes é que a renda de 40% das famílias chega a apenas meio a um salário mínimo em trabalhos informais e formais. O índice de alfabetização também apresenta queda considerável conforme aumento da faixa etária.

“O índice de qualidade de vida do bairro ainda é baixo, e está atrelado à baixa renda e alfabetização”, afirmou Nogueira. O Lageado, portanto, ocupava penúltimo lugar nesta colocação. Este dado que será atualizado neste ano em novo levantamento. Conforme pesquisa elaborada para formulação do Plano Diretor, os moradores classificaram como ruim infraestrutura, limpeza, segurança pública. Um dos desafios é avançar no desenvolvimento econômico. O diretor avalia que há “vocação industrial e modal”, diante do Porto Seco e da Rota Bioceânica.

Investimentos – A subsecretária de Gestão e Projetos Estratégicos, Catiana Sabadin, disse que a região é considerada prioritária na busca de projetos e recursos pela prefeitura de Campo Grande, considerando a deficiência de infraestrutura. Nas emendas parlamentares cadastradas para esse ano, que somam R$ 33 milhões, cerca de 18 milhões devem ser destinados para obras de asfalto na região do Parque do Sol.

Além disso, a administração municipal, segundo Catiana Sabadin, está trabalhando em projetos de engenharia para um grande programa de investimentos na região, com recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). A ideia é trabalhar a urbanização na região de fundo de vale e melhorar as condições das moradias. No entanto, trata-se de um projeto com prazo mais longo, que deve ser apresentado no segundo semestre.

Estiveram presentes ainda representantes da Solurb, da Organoeste e da empresa Águas Guariroba, que atuam na região, falando dos investimentos e também das medidas para mitigar os impactos dos empreendimentos para os moradores.

(Fonte: Milena Crestani/Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal – Fotos: Izaías Medeiros)

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