Conferência municipal debateu situação da saúde em Campo Grande, privatização e fortalecimento do SUS

Conferência municipal debateu situação da saúde em Campo Grande, privatização e fortalecimento do SUS

A 9ª Conferência Municipal de Saúde de Campo Grande aconteceu nos dias 24 e 25 de março com debates sobre a situação da saúde na capital de Mato Grosso do Sul, tendo sido abordados temas de interesse do conjunto da população bem como dos profissionais da área. Também foram eleitos os delegados para a conferência estadual.

Para Antônio Borges (Borginho), representante das comunidades quilombolas do município, foi importante a participação na conferência, onde são colocadas as necessidades das comunidades das diversas regiões da cidade.

Segundo Gilson dos Santos Menezes, agente comunitário de saúde e delegado da região do Anhanduizinho, assuntos importantes para a saúde no município, como de um hospital municipal para tratamento de câncer, foram debatidos na conferência. Ele considera que apesar de alguns avanços ainda falta muito investimento na saúde, requerendo atenção dos poderes públicos para equacionar as questões de saneamento e saúde públicas na capital de MS.

Orçamento da saúde em Campo Grande é privatizado, diz médico

O médico Ronaldo Costa rebate a prefeita Adriane Lopes, afirmando que Campo Grande de forma alguma é um modelo para o país na gestão da saúde. “Campo Grande não tem saúde pública municipal a contento, não tem um número mínimo de unidades básicas de saúde que é preconizado desde a época que fez a contratualização com o ministério da saúde e com a secretaria estadual de saúde. Só tem aproximadamente 40% das unidades básicas de saúde frente ao que é necessário. As pessoas que que precisam usar as unidades de saúde sabem disso.  A prefeitura de Campo grande não tem um exame de complexidade, de tomografia, de ressonância magnética distribuídos pelas regiões da cidade”, afirma.

Sem leitos municipais

Ainda segundo o médico, a prefeitura de Campo Grande “não tem um leito de hospital e usa os leitos dos hospitais Universitário e do Regional, desfigurando a natureza desses hospitais, pois o hospital Universitário da UFMS tem como finalidade principal a educação e o hospital Regional o atendimento aos municípios da região. Campo grande usa 80% dos recursos da saúde, pelo menos, para contratar serviços privados. O orçamento da saúde em Campo Grande é privatizado, e isso foi identificado na CPI da saúde. O SUS na cidade está privatizado. Quem é complementar em Campo Grande é o SUS, porque o setor privado recebe a maior parte dos recursos.”

Insalubridade para agentes comunitários de saúde e endemias

O agente comunitário Gilson Menezes diz que os agentes de saúde de Campo Grande estão lutando pelo direito de receber a insalubridade. “Temos o direito garantido por lei federal, mas a prefeita não tem nos atendido neste sentido”, afirma.

Gilson Menezes, agente de saúde : em defesa da insalubridade.

Dinheiro público para hospitais privados

A situação caótica da saúde em Campo Grande não poderia ficar de fora dos debates. Em relação à situação, que perdura há anos, de repasses milionários para os hospitais particulares tidos como filantrópicos, como Santa Casa e Hospital do Câncer Alfredo Abrão, foi aprovada a proposta de um hospital municipal, necessidade que já vem sendo apontada a muito tempo na capital.

Os governos federal, estadual e municipal têm repassado altas somas de recursos públicos para os hospitais filantrópicos, mensalmente, sem que isso tenha resolvido a questão da saúde na cidade e tais hospitais nunca saem do vermelho, alegando que sempre estão em déficit. Para parte dos delegados na conferência, a saída é investir recursos públicos em hospitais públicos para que a cidade deixe de ficar “refém desses hospitais privados que paralisam as atividades como forma de chantagem para conseguirem mais recursos públicos, como vimos recentemente no caso do hospital Alfredo Abrão”, disse um delegado.

“Borginho”, da comunidade Tia Eva: é importante participar.

 

(Eber Benjamim/Gazeta Trabalhista – Imagens: Eber Benjamim)

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