Eleito com discurso antissistema, deputado capitão Contar pode ir para o PL, partido do “Centrão”
O deputado estadual Capitão Contar está de “malas prontas” procurando partido para se filiar e tentar a reeleição. Com a abertura da “janela partidária” – que permite aos parlamentares mudarem de legenda sem o risco de perda do mandato por conta de infidelidade partidária – está aberta a temporada de “revoada dos políticos” dos partidos e muitas mudanças de ninho devem acontecer no estado.
A hipótese tida como mais provável para ser o novo partido do deputado Contar é o PL (Partido Liberal), partido para o qual migrará o presidente Jair Bolsonaro. Mas isso terá um custo político para a imagem do deputado.
Eleito com um discurso antissistema e anticorrupção, na onda bolsonarista de 2018, o deputado mudará para um partido conhecido nacionalmente como parte do chamado “Centrão”, partidos sem consistência ideológica e que tem apoiado todos os presidentes, em composições que envolvem o comando de Ministérios e outros cargos por parte de integrantes desses partidos.
No PL, o deputado Contar poderá ser obrigado a apoiar André Puccinelli para governador, caso se confirme o apoio da legenda a André, como vem sendo ventilado. É que o PL tem forte influência no estado do ex-deputado federal, e braço direito de Puccineli, Edson Giroto. Tanto André quanto Giroto já passaram temporada na cadeia por conta de escândalos de corrupção.
O PL apoiou os governo Lula, Dilma e Temer. Atualmente apoia o governo de Bolsonaro. O presidente do PL é Valdemar da Costa Neto, que já foi deputado federal e renunciou após ser condenado à prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Como Puccinelli e Giroto, também chegou a ser preso.
Não se sabe qual a opinião formada pelo deputado Contar sobre as “rachadinhas”, esquema que envolve funcionários fantasmas para desvio de dinheiro, e que tem “assombrado” a família do presidente Bolsonaro com denúncias e investigação em curso pelo Ministério Público e polícia.
Isso tudo junto pode deixar o capitão Contar numa “saia justa”, caso ele confirme a ida para o PL, jogando no lixo todo seu discurso, com o qual foi eleito, de ser antissistema e anticorrupção.
Quanto eleito, em 2018, capitão Contar declarou, em frente ao TRE que “precisamos de moralidade na política, representantes com ética que valorizem a população”, logo após divulgação do resultado. “Quero ser pessoa ativa contra corrupção”, afirmou na ocasião.
Resta saber como esse discurso se encaixará com a realidade de vir a ser correligionário de Valdemar da Costa Neto e ter quer apoiar André Puccinelli junto com Edson Giroto.
(Foto: arquivo Assembleia Legislativa/MS)