Cresce número de mortes e de infectados pela Covid-19 entre os trabalhadores dos Correios
Os trabalhadores dos Correios compõem os chamados serviços essenciais e continuam atendendo a população neste período de pandemia pelo novo coronavírus. Estar na linha de frente, sem o devido respaldo da empresa na garantia de direitos, tem ocasionado o aumento de mortes e de infectados no setor, fortalecendo uma triste estatística.
Ao menos nove ecetistas perderam a vida, com mais de 200 profissionais infectados pela Covid-19. Em comparação com abril, em que foram notificadas as mortes de cinco trabalhadores e 100 contaminados, esses números praticamente dobraram.
O levantamento foi feito pela Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios), que alerta para a subnotificação, já que a empresa não tem repassado informações precisas sobre esses casos.
“Nós avaliamos que pelo menos 15 companheiros faleceram pela doença [até o início de maio]. Pedimos esses dados oficiais para a empresa que diz estar em análise e não faz o repasse dessas informações”, alerta o trabalhador dos Correios Geraldo Rodrigues, Secretário de Administração e Finanças da Federação.
A categoria é composta por mais de 100 mil trabalhadores, sendo que muitos estão na área de distribuição e entrega. No início da pandemia, esses trabalhadores tiveram que acionar a Justiça pela garantia de EPI’s (Equipamentos de Proteção), e pela manutenção do isolamento social para os que estão afastados.
Apesar de a empresa fornecer esses equipamentos, a quantidade não é adequada e de procedência duvidosa. “A direção dos Correios demonstra claramente que é irresponsável e está preocupada apenas com a questão econômica e não com as vidas dos seus trabalhadores que, em muitos locais de trabalho, estão exposto e sem EPI’s. Em muitos setores de trabalho, foi fornecida apenas uma máscara de proteção e álcool de qualidade duvidosa. O presidente da empresa falou que gastou 4 milhões de reais com esses equipamentos, mas, na prática, o que vemos são materiais ineficientes”, ressalta Rodrigues.
A empresa também não tem tomado medidas de isolamento adequadas para a não propagação do vírus no ambiente de trabalho. “Tem um exemplo aqui na zona leste de uma agência terceirizada, que tem 18 trabalhadores, desses, oito estavam contaminados. A filial fechou por dois ou três dias e reabriu, afastou apenas os trabalhadores contaminados e os demais voltaram a trabalhar. O certo seria cumprirem o isolamento de pelo menos 14 dias, conforme orientação do Ministério da Saúde”, alerta.
Existe ainda o aumento das compras pela internet, cuja entrega é feita pelos Correios. No entanto, boa parte dessas entregas não é considerada essencial. Segundo Geraldo, o Setorial de Correios da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular) defende garantir um efetivo para as entregas essenciais, mas que os demais trabalhadores têm que ficar em casa. Entre as propostas defendidas estão: efetivo de 30% para trabalhar no atendimento essencial; garantia de testes para a categoria; garantia de EPI’s aos que estão trabalhando; construção de uma greve ambiental – que significa paralisar as atividades diante de uma pandemia, direito garantido na Constituição.
Fonte: site CSP-Conlutas – Foto: Fernando Frazão (Agência Brasil)