Bolsonaro, o lobo e o cordeiro
Na fábula “O lobo e o cordeiro”, de Esopo, um cordeiro estava bebendo água num córrego quando viu um lobo, logo acima, também bebendo.
O lobo disse com raiva:
– Não vê que você está sujando a água que estou bebendo?
– Mas isso não é possível – respondeu o cordeiro – pois a água está correndo de onde você está para cá e, portanto, não posso estar sujando a tua água.
Mesmo assim o lobo matou o cordeiro. Ele buscava apenas uma justificativa para fazer o que já estava determinado a fazer.
Assim como o lobo em relação ao cordeiro da fábula, atua Bolsonaro em relação às eleições no Brasil. Correndo o forte risco de perder, busca uma justificativa, e na falta dela, inventa uma, ainda que mentirosa.
Bolsonaro foi eleito seis vezes deputado federal e nunca contestou os resultados, nem fez qualquer acusação de fraude ou falha no sistema eleitoral. Seus filhos também foram eleitos pelo mesmo sistema, e nunca contestaram. Quando perguntado sobre provas, Bolsonaro assume que não tem.
Mas Bolsonaro, assim como o lobo, já está predeterminado a não reconhecer o resultado das eleições caso perca. Para ele a democracia só vale quando ganha. Lula, antes de ser eleito presidente, perdeu três eleições e não contestou. Aceitou o resultado do voto democrático dos brasileiros.
A reunião com os embaixadores para apontar falhas no processo eleitoral, repetindo a mesma ladainha de sempre e sem provas, foi apenas mais um capítulo na sua pretensão golpista.
Para o lobo, assim como para Bolsonaro, não importa que os argumentos racionais demostrem que ele está afirmando uma falsidade: o que ele precisa é de uma desculpa esfarrapada, fictícia, para tentar justificar um golpe contra a democracia.
O lobo acredita apenas na “razão do mais forte”. Às favas a democracia e a vontade popular.
Eber Benjamim
Jornalista/Gazeta Trabalhista
(Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)
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