Câmara de Campo Grande reuniu especialistas e autoridades para discutir Educação Especial
A Câmara Municipal de Campo Grande reuniu, nesta segunda-feira (26), autoridades e especialistas para discutir a situação da educação especial da Capital. O debate foi convocado pela Comissão Permanente de Educação e Desporto, composta pelos vereadores Prof. Juari (presidente), Valdir Gomes (vice), Beto Avelar, Ronilço Guerreiro e Prof. Riverton.
“Como vereador, tenho o dever de trazer as demandas da educação para a discussão. A audiência pública é o processo mais democrático, com transparência, em que se vislumbra a comunicação entre os vários setores e as autoridades públicas”, disse o vereador Prof. Juari.
“Essa audiência pública pretende uma discussão para que, verdadeiramente, os direitos das crianças sejam respeitados, que os profissionais possam estar preparados tecnicamente para atuar na especificidade de cada estudante, com condições de trabalho e uma carreira valorizada. Hoje, não temos falta de leis. Mas, precisamos da efetivação das leis na prática”, acrescentou.
A representante da Associação de Pais Responsáveis Organizados pelas Pessoas com Deficiência e Transtorno do Espectro Autista, Naína Dibo, cobrou mais investimentos na educação inclusiva de Campo Grande. “Onde está a verba da educação inclusiva?”, questionou. “O que acontece, hoje: temos todos os dias reclamações de mães perdendo professores de apoio. Estão fazendo avaliações, pela própria Semed [Secretaria Municipal de Educação], que tira os profissionais. Passando por cima de laudos médicos”, criticou.
Para a educadora Eliane Regis, do coletivo da educação infantil da ACP (Sindicato Campo-grandense dos Professores), os professores têm tido dificuldades para conduzir uma sala de aula com mais de 30 alunos. “Todas as salas de aula já estão lotadas, e praticamente temos três alunos especiais em cada sala. Tem sala que não tem o apoio. Uma sala com 36 alunos e toda hora chegando matrícula, a escola não pode negar o aluno. Assim, como vamos conseguir fazer o atendimento para esse aluno sem esse apoio? O choro não espera. A troca de fralda não espera. As birras não esperam. Como o professor atende os 36 mais o aluno especial? A educação especial não espera”, afirmou.
Em sua fala, a professora Luciana Albuquerque, mãe de autista, falou das dificuldades que enfrenta. “Estou sempre lutando, conciliando trabalho e casa, além dos cuidados com minha filha, e não é fácil. Todo ano é uma luta diferente, nunca estamos em paz. Peço que a equipe da educação especial acredite, mesmo o aluno tendo comportamento difícil. Por menor que seja o avanço, para nós é um avanço enorme. Já é uma alegria”, disse.
Para o deputado federal Beto Pereira, “os avanços da legislação já aconteceram faz tempo”. “Já existe a lei, já existe o financiamento, já existe tudo que é desenhado para a política pública acontecer”, afirmou, defendendo também os profissionais que atuam na área. “Não podemos abrir mão da formação continuada daqueles que vão atender nossas crianças. Não podemos estar só atrelados a um assistente. Temos que estar atrelado ao que está sendo oferecido. Temos que estar confiante que a evolução pedagógica da criança vai acontecer”, analisou.
Já o deputado federal Geraldo Resende sugeriu às entidades presentes que firmem compromissos com os candidatos nas eleições deste ano. “Vivemos um momento especial. Elaborem uma pauta e levem a todos os candidatos à prefeito e façam com que esses candidatos assumam a pauta das pessoas com deficiência. É importante discutir uma pauta e fazer com que eles assinem. Assim, a partir de 1º de janeiro de 2025, teremos nas prefeituras pessoas compromissadas com as demandas do terceiro setor”, afirmou.
O vereador Prof. André Luís cobrou medidas eficazes de valorização da educação especial em Campo Grande. “Não é uma audiência que vai resolver o problema. É fundamental a presença de vocês. Precisamos unir forçar pois, infelizmente, o Executivo não ouve o clamou dos vereadores e da sociedade. Não queremos saber o quanto foi gasto. Queremos resultados com o que foi gasto. A educação está no buraco e não é isso que queremos”, lamentou.
Para a vereadora Luiza Ribeiro, falta responsabilidade do poder público. “Não é falta de planejamento. É falta de responsabilidade. Aliás, estão planejando acabar com a educação inclusiva. Quem está na sala de aula sabe disso. O que essa administração está fazendo é um planejamento para discutir os direitos conquistados por nossas crianças, para humilhar professor, humilhar pai e mãe”, criticou.
Por fim, o vereador Ronilço Guerreiro afirmou que é preciso cuidar de quem cuida. “É importante termos psicólogos para trabalhar com pais e toda a comunidade escolar. Precisamos, a partir de agora, fazer uma carta para que todos os candidatos assinem e tenham esse compromisso com a educação especial. Que todos digam que irão trabalhar incansavelmente para que a educação especial seja valorizada e respeitada”, defendeu.
(Fonte: Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal – Foto: Izaías Medeiros)
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