“Circo do Mandetta”: Agentes de Saúde afirmam que receberam pressão para irem em evento com Ministro da Saúde
Nesta segunda 17) e terça (18) acontece em Campo Grande o Encontro Estadual de Vigilância em Saúde. Convocados para o evento, Agentes de Saúde afirmam que o encontro poderá, mais que um evento técnico, ser um verdadeiro “palanque” em ano eleitoral. Evento deve reunir mais de duas mil pessoas no Albano Franco.
Segundo um agente, que prefere não se identificar, a categoria foi pressionada para comparecer ao evento que contará com a presença do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na abertura que acontece nesta manhã no Pavilhão Albano Franco. “Da prefeitura estamos ganhando o passe e o almoço será pago pelo governo estadual. Quanto ao pessoal do interior não sabemos que tem está pagando a vinda, se as prefeituras ou o governo estadual”.
Palanque
De acordo com o agente, até mesmo chefias intermediárias questionam esse gasto, “pois do ponto de vista técnico, seria mais barato e eficiente realizar um treinamento, ou orientação, nos próprios municípios. Alguns colegas dizem claramente que temem serem usados para fazerem número num evento de caráter eminentemente político em ano eleitoral. Um gasto desnecessário e vamos para fazer número e aplaudir o Mandetta e Geraldo Rezende, secretário estadual de Saúde, que todos sabem que pretende ser candidato a prefeito de Dourados mais uma vez.”
Contradição entre o discurso moralista de Bolsonaro e a realidade
“E a gestão do Mandetta foi péssima na saúde de Campo Grande. Além dos escândalos de mau uso dos recursos públicos, tivemos um surto de dengue nunca antes visto, péssimas condições de atendimento nos postos e avanço no processo de privatização da saúde. Seja do ponto vista da competência técnica, seja do ponto de vista da probidade administrativa, a gestão da Mandetta, e a de Nelsinho Trad na prefeitura, são péssimos exemplos. Estão aí os inúmeros processos na Justiça daquela gestão, tanto na saúde, quanto nos contratos do lixo, do transporte coletivo, e outros”, diz. “Não tem como não ver a contradição de Bolsonaro: prega a moralidade na coisa pública, mas nomeia ministros, e os mantêm nos cargos, com sérias denúncias de envolvimentos em mal feitos. O ministro do Turismo foi indiciado pela Polícia Federal, mas continua ministro, assim como Mandetta. Atendendo quais interesses…” questiona o agente. “Então não tem como não ver que há uma falta de coerência no governo federal que no discurso diz não ser conivente com a corrupção e irregularidades, mas na prática a coisa é outra.”
Privatização do Hospital Regional
Segundo o mesmo agente, é corrente na categoria que o evento pode ser usado para anunciar a privatização dos serviços do hospital regional via uma OS (Organização Social) de médicos.
Mandetta e o escândalo do GISA
De acordo com o site do “Jornal GGN “as acusações que recaem contra Mandetta são por fraude em licitação, caixa dois e tráfico de influência em um contrato justamente na área da Saúde, mas da região do parlamentar, Campo Grande, para implementar um sistema de informatização. O futuro ministro da Saúde de Bolsonaro teve os bens bloqueados na apuração que teve início em 2015 e reuniu investigadores da Polícia Federal, da Procuradoria Geral da República em Brasília e a nível federal, no Supremo Tribunal Federal.”
“De relatoria do ministro Luiz Fux, o caso foi encaminhado à Justiça do Mato Grosso do Sul, em agosto deste ano, pelos supostos crimes terem sido cometidos quando não era deputado. O suposto cometimento do crime teria ocorrido quando Mandetta era secretário municipal da Saúde em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, relacionada a contratação de serviços no Gerenciamento de Informações Integradas da Saúde (Gisa).
O serviço já havia sido alvo de um questionamento da Controladoria-Geral da União (CGU), que identificou um prejuízo de cerca de R$ 6 milhões em pagamentos indevidos por serviços que não foram realizados. O total gasto pelo Gisa aos cofres públicos foi de quase R$ 10 milhões, incluindo do Orçamento da União e de Campo Grande.”
Tratava-se de uma tentativa de integrar informações dos cadastros da rede pública de saúde de Mato Grosso do Sul com o SUS. Dos 12 módulos que seriam instalados e que foram pagos, apenas 4 funcionavam em 2013, e o prazo para finalizar este serviço era de um ano. Ele era investigado a nível do Supremo por sua atuação como parlamentar. Segundo consta no STF, neste inquérito, Mandetta é alvo de apuração por “crimes da lei de licitações”, “crimes praticados por particular contra a administração em geral” e “tráfico de influência”.
Foto: Divulgação
Mandetta e o futuro do Sistema Único de Saúde
https://gazetatrabalhista.com.br/mandetta-e-o-futuro-do-sistema-unico-de-saude/