Crise na UFMS: sete cursos são suspensos e lista pode aumentar
Em reunião ocorrida nesta quinta, 20 de setembro, o Conselho Universitário da UFMS – instância máxima da instituição – confirmou a decisão de suspender sete cursos de graduação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, dos nove inicialmente previstos.
Salvaram-se, por enquanto, os cursos de Ciência da Computação (Bacharelado/Ponta Porã) e Letras (Licenciatura/Três Lagoas), que permanecem com oferta de vagas para o próximo semestre. Mas foram suspensos os ingressos de novas turmas para sete cursos, a partir do primeiro semestre de 2019, na capital e interior. Em Campo Grade foram suspensos os ingressos para Eletrotécnica Industrial (Tecnológico), Construção de Edifícios (Tecnológico) e Saneamento Ambiental (Tecnológico). Já no interior são os seguintes cursos sem novas turmas: Gestão Financeira (Tecnológico/Nova Andradina), História (Licenciatura/Coxim), Letras (Licenciatura/Aquidauana) e Turismo (Bacharelado/Aquidauana).
O termo “posterior extinção” foi retirado do texto original, mas isso não significa nenhuma garantia de que os cursos não venham a ser extintos caso não tenham o ingresso de novas turmas. Por outro lado a lista pode até aumentar, dadas as restrições orçamentárias a que a UFMS estaria submetida.
A proposta original da reitoria era suspender ao todo nove cursos, porém na reunião do Conselho de Graduação da universidade, ocorrida ontem (19/09), os cursos de Ciência da Computação (Ponta Porã) e Letras (Três Lagoas), foram excluídos da lista. A reunião contou com participação e protesto dos estudantes, inclusive do interior, contra as extinções. A “suspensão da suspensão” foi confirmada hoje pelo Conselho Universitário.
Sucateamento e desmonte do ensino público superior
Para presidenta do sindicato dos professores da UFMS, Mariúza Guimarães, a decisão de fechar cursos sem ampla discussão com as instâncias da UFMS acende o sinal vermelho para os docentes, uma vez que terão dificuldades de fechar a carga horária e recente portaria publicada pelo presidente Temer permite a transferência pessoal para outras instituições e até mesmo demissões por excesso de pessoal nos órgãos de origem. Cobra que a atual administração não vem efetivando os compromissos assumidos em campanha com a comunidade universitária: oferecimento de moradia estudantil, restaurante universitário com preços acessíveis, transporte, segurança, ampliação de Bolsa Permanência e de projetos de iniciação científica. “A decisão da administração de fechar cursos é o caminho mais fácil para adequar o corte de orçamento superior a R$ 70 milhões promovido pela MEC em 2017. Para nós educação pública não rima com lucro, não é gasto é investimento”, criticou.
Para o sindicato os indicadores apresentados para extinção ou suspensão de entrada em cursos da UFMS, por si só, não consideram a complexidade presente no processo educacional superior. Não analisam itens como a falta de condições de permanência da comunidade estudantil, cortes em bolsas de ensino, pesquisa e extensão, reforço em disciplinas de alto nível de reprovação, distorções regionais no Sistema de Ensino Superior, falta de moradia estudantil, insegurança, falta de restaurantes universitários, ausência de convênios internacionais e transporte escolar adequado. Qual seja, corta o problema sem analisar as causas.
Interiorização universitária em xeque
Ao mesmo tempo, consagra a falta de compromisso da atual administração com a política de expansão e interiorização universitária, que busca manter a juventude nas cidades ou regiões de origem. Não leva em conta a baixa oferta de vagas no ensino superior público e gratuito no País. Tal medida está em sintonia com o atual comando do Ministério da Educação (MEC), de cunho privatista e que atua para desmantelar a oferta de vagas nas universidades públicas favorecendo o mercado para empresas multinacionais de ensino, sem compromisso efetivo com a pesquisa e a busca da excelência.
(Fotos: site ADUFMS)