Grito dos Excluídos: história e objetivos

Grito dos Excluídos: história e objetivos

A proposta do Grito surgiu no Brasil no ano de 1994 e o 1º Grito dos Excluídos foi realizado em setembro de 1995, com o objetivo de aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade do mesmo ano, que tinha como lema “Eras tu, Senhor”, e responder aos desafios levantados na 2ª Semana Social Brasileira, cujo tema era “Brasil, alternativas e protagonistas”. Em 1999 o Grito rompeu fronteiras e estendeu-se para as Américas.

O que é o “Grito dos Excluídos”

O Grito dos Excluídos é uma manifestação popular carregada de simbolismo, é um espaço de animação e profecia, sempre aberto e plural de pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos.
O Grito é uma descoberta, uma vez que agentes e lideranças apenas abrem um canal para que o Grito sufocado venha a público.
O Grito brota do chão e encontra em seus organizadores suficiente sensibilidade para dar-lhe forma e visibilidade. O Grito não tem um “dono”, não é da Igreja, do Sindicato, da Pastoral; não se caracteriza por discursos de lideranças, nem pela centralização dos seus atos; o ecumenismo é vivido na prática das lutas, pois entendemos que os momentos e celebrações ecumênicas são importantes para fortalecer o compromisso.

Lemas
1995 – “A Vida em primeiro lugar”
O primeiro Grito dos Excluídos foi realizado em 7 de setembro de 1995 e teve como lema: “A Vida em primeiro lugar”. A iniciativa surgiu das Pastorais Sociais em 1994, em vista da Campanha da Fraternidade, que apresentava o tema: “A fraternidade e os excluídos”. O Grito surgiu da intenção de denunciar a exclusão, valorizar os sujeitos sociais. Este Grito aconteceu em mais de 170 cidades e teve como símbolo uma panela vazia.
1996 – “Trabalho e Terra para viver”
A partir de 1996, o Grito passou a fazer parte do “Projeto Rumo ao Novo Milênio”, com a aprovação dos bispos do Brasil em Assembléia da CNBB. Naquele ano, a Campanha da Fraternidade foi sobre política e o lema do Grito: “Trabalho e Terra para viver”. As parcerias foram ampliadas e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Central de Movimentos Populares (CMP) passaram a integrar a coordenação nacional. Foram realizadas manifestações em 300 cidades. O símbolo do Grito foi uma chave, estimulando à reflexão de que o trabalho é a chave da questão social.
1997 – “Queremos justiça e dignidade”
Em 1997, a Campanha da Fraternidade foi sobre os encarcerados e o lema do Grito foi “Queremos justiça e dignidade”, atingindo cerca de 700 cidades.
1998 – “Aqui é o meu país”
Em 1998, educação foi o tema da Campanha da Fraternidade. O Grito, com o lema: “Aqui é o meu país”, seguiu ampliando as parcerias, com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, e as manifestações ocorreram em mais de 1000 cidades. O símbolo foi uma sacola vazia com os dizeres: “A ordem é ninguém passar fome”.
1999 – “Brasil: um filho teu não foge à luta”
Em 1999, a organização coletiva do Grito dos Excluídos contou com a Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). O tema foi “Brasil: um filho teu não foge à luta”.
2000 – “Progresso e Vida Pátria sem Dívida$”
Em 2000, com o tema “Progresso e Vida Pátria sem Dívida$”, junto com a realização do Plebiscito Nacional da Dívida Externa em todo Brasil reforça o fato de que, apesar das dificuldades, nosso povo não tem parado de lutar, busca conquistar a independência, dividir o poder e a riqueza e construir uma Pátria livre, um Brasil com igualdade e justiça social.
2001 – “Por amor a essa Pátria Brasil”
O Grito dos Excluídos de 2001 com o lema Por amor a essa Pátria Brasil, no contexto da economia globalizada, e da pressão dos organismos financeiros internacionais, enfocam a soberania e independência nacional. Frente à globalização da economia, o Grito propõe a globalização da solidariedade, no sentido de manterem vivos e ativos os sonhos, esperanças e utopias. Também valoriza os tesouros da cultura popular, o protagonismo dos excluídos e incentiva a criatividade, bem como a construção de um projeto popular para o Brasil.
2002 – “Soberania não se negocia”
Em 2002, com o lema Soberania não se negocia, junto com a realização do Plebiscito Nacional contra a ALCA em todo o Brasil, momento este de tentar manter a soberania nacional, face o imposição do capitalismo norte americano nos países da América Latina e sobre o povo desses países.
2003 – “Tirem as mãos… o Brasil é nosso chão”
Em 2003, o lema do 9º Grito dos Excluídos foi: “Tirem as mãos… O Brasil é nosso chão!”, com o símbolo do Grito (fita verde e amarela com frase: Vacine-se contra a Alca)
2004 – “BRASIL: Mudança pra valer, o povo faz acontecer”
Em 2004, o lema do 10º Grito dos/as Excluídos/as foi: Brasil: Mudança pra valer o povo faz acontecer.
2005 – “Brasil em nossas mãos a mudança”
Em 2005, o lema do 11º Grito dos/as Excluídos/as foi: Brasil: em nossas mãos a mudança! Assim temos como símbolo a panela vazia. Ou seja, após tomarmos consciência dos direitos de cidadania, da necessidade de um novo rumo à política econômica, da complexidade da globalização e da urgência das mudanças – trata-se agora de tomar o projeto em nossas próprias mãos. Neste ponto, convém salientar que o Grito não caminha só, mas em articulação com outras iniciativas que lutam igualmente por mudanças na sociedade. Entre elas, vale destacar as Semanas Sociais Brasileiras, a Campanha contra a ALCA, a Consulta Popular, o Grito Continental, o Mutirão contra a fome e a miséria, a Campanha da Fraternidade, e assim por diante.
2006 – “Brasil: na força da indignação, sementes de transformação”
Neste ano, o lema do 12º Grito dos/as Excluídos/as é: Brasil: na força da indignação, sementes de transformação. Destacamos os três ingredientes que forma o conteúdo do lema, a força da indignação, as sementes e a transformação social, na busca da construção de uma pátria forte, justa e soberana.
2007 – “Isto não Vale: Queremos Participação no Destino da Nação”
Em 2007, o lema: “Isto não Vale: Queremos Participação no Destino da Nação”. Nos leva a refletir o que vale e o que tem valor e o que não vale, o que não tem valor para a construção do projeto popular para o Brasil. Com certeza não vale: o neoliberalismo; a atual política econômica: não realiza a reforma agrária; a crescent~” e exclusão social, a fome, a privatização do público; modelo econômico; a corrupção, a impunidade, a guerra, a violência, as ocupações militares como no Iraque e no Haiti. Com certeza o que vale e o que tem valor: o protagonismo popular; os grupos de base; a generosidade, a confiança, a solidariedade, a ética, a transparência, a amizade, partilha, a alegria, enfim o que vale é a dignidade da vida.E por fim o desafio de realizar o Plebiscito Popular pela Anulação do Leilão da Vale, rediscutindo as privatizações e a redução das taxas de energia, bem como, realizar a formação e organizar pequenos grupos na base, realizar assembléias locais e municipais, construindo de forma pedagógica um caminho onde o povo seja o sujeito principal que debate os problemas, planeja ações, age de forma articulada e avalia suas práticas.
2008 – “Vida em primeiro lugar Direitos e Participação Popular”
O 14º grito dos/as Excluídos/as com o lema: “Vida em primeiro lugar Direitos e Participação Popular” recoloca na ordem do dia a urgência da inversão das prioridades, ao afirmar a dignidade da vida acima do mercado, do lucro e do capital. Também se propõe a refletir e aprofundar a questão da democracia direta, participativa, uma vez que a representatividade está profundamente questionada. Incentiva a todos os cidadãos e cidadãs a participar das atividades e mobilizações ocupando ruas e praças, na semana e no dia da pátria, com uma nova consciência política. Pois no palco da vida não há espectadores de um lado os atores do outro, todos/as somos protagonistas na luta pelos direitos e na construção de um projeto popular para o Brasil. A caminhada da independência é construída por aqueles e aquelas que sonham e lutam para transformar a realidade.
2009 – “Vida em primeiro lugar: A força da transformação está na organização popular”
O lema do XV grito nos convoca e desafia a pensar e discutir com a sociedade a atual crise do capitalismo, que mais uma vez deixa a conta para os pobres pagarem, e a necessidade de construir um novo projeto de sociedade onde a dignidade da vida esteja em 1º lugar. Vida digna e justa é mais do que mera sobrevivência, exige mudança e condições reais que garantam as aspirações básicas do ser humano. O lema também afirma que a força da transformação está na organização e participação popular, um dos grandes desafios para quem sonha um novo projeto de sociedade.
2010 – “Vida em primeiro lugar: “Onde estão nossos Direitos? Vamos às ruas para construir o projeto popular”
O lema nos chama a discutir dois pontos: a vida e os direitos, destacamos a violência que vem exterminando a juventude brasileira; a Campanha da Fraternidade deste ano; o processo eleitoral, centrando a discussão em critérios éticos para a construção de uma democracia popular. E a participação no Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra, que pauta um dos temas cruciais para a construção de um verdadeiro Projeto Popular, que é a questão fundiária e agrária do país. Em ano eleitoral, trata-se de levar os candidatos a se pronunciarem sobre o tema, sabendo que a bancada ruralista, no Congresso Nacional, constitui historicamente um dos setores mais retrógrados e avessos a mudanças substanciais.
2011 – “Pela vida grita a TERRA… Por direitos, todos nós!”
O Lema nos chama a discutir em caráter nacional e global. É necessário pensar em verdadeiras políticas públicas de inclusão, o grande desafio é passar de um modelo de exploração, que visa tirar o máximo de lucro da natureza e da força humana, a um novo modelo de cuidado, preservação e cultivo da vida, que prima pela convivência justa, solidária e fraterna, em relações de convivência com as demais formas de existência, permitindo que a Terra se converta numa fonte perene de vida. Prevalece a necessidade de apoiar e fortalecer todas as iniciativas populares que buscam reciclar e reorganizar a relação dos seres humanos com a biodiversidade do Planeta. Em nível global, somos convidados a uma rede de solidariedade, onde os direitos básicos dos seres humanos se complementam com políticas amplas e abrangentes de preservação e respeito ao meio ambiente, priorizando o desenvolvimento sustentável. A consciência da cidadania ganha dois aspectos inseparáveis: a soberania nacional, nas comemorações do Dia da Independência, não pode esquecer que somos antes de tudo cidadãos do planeta Terra.
2012 – “Queremos um Estado a Serviço da Nação, que garanta direitos a toda população”
A 18ª edição do Grito dos Excluídos nos convida a debater o papel do Estado, que deve estar a serviço das necessidades básicas da população, um Estado que deve levar em conta os gritos que irrompem do chão, dos porões da sociedade, das ruas e campos, do cotidiano dos trabalhadores e suas famílias. O lema nos permite compreender que o Estado hoje não vê e não ouve o clamor que vem das bases, está permeado pela corrupção e por uma relação muitas vezes promíscua entre os diferentes poderes. O Grito se propõe a combater o esquema tão conhecido pela metáfora de Gilberto Freire, o Brasil mantém perversamente a forma de política dupla, uma para a Casa Grande e outra para a Senzala: um sistema de educação e saúde para os que estão instalados no andar de cima da pirâmide social, outro para os que moram na base; um sistema de transporte e segurança para os de cima, outro para os de baixo; benesses e privilégios para as camadas superiores, migalhas para os setores de baixa renda.
2013 – “Juventude que ousa lutar constrói projeto popular”
A 19ª edição do Grito dos Excluídos nos insere nos debates da 5ª Semana Social Brasileira quem tem como tema Estado para que e para quem? Também repercute os gritos que ressoaram por todo o país no mês de junho. Centenas de milhares de pessoas soltaram no ar reivindicações e protestos há muito sufocados e reprimidos. Em sintonia com a Campanha da Fraternidade de 2013 – Fraternidade e Juventude. É no bojo desse processo que se engendra o chamado Projeto Popular para o Brasil. Projeto que, como sabemos, não nasce em laboratório nem pela ação de alguns iluminados. Em verdade, ele já está em curso, nas milhares iniciativas de combate por uma sociedade justa, solidário, social e ecologicamente sustentável.
2014 – “Ocupar ruas e praças por liberdade e direitos”
A 20ª edição do Grito dos Excluídos, nos remete ao ano de 2013 que mostrou um vasto mosaico de manifestações populares e mal-estar social, juventude crítica e ativa e ocupação de ruas e praças. Para 2014, o desafio é incorporar três temperos de uma mistura explosivamente positiva na construção de um projeto popular para o país – na linha dos debates da 5ª SSB, Estado para que e para quem?; CF- Fraternidade e Trafico Humano. E parafraseando o clima de expectativa em vista da Copa do Mundo e Olimpiadas, não basta assistir das arquibancadas o desenrolar do jogo: é necessário entrar em campo – “ocupar as ruas e praças” – e participar de forma patrioticamente ativa nas decisões, exigir o “padrão Fifa” não só para estádios, infraestrutura e eventos, mas sobretudo para os direitos básicos da população de baixa renda: terra e trabalho, educação e saúde, transporte e segurança, alimentação de qualidade, entre outros. Direitos que se traduzem em condições reais de existência digna e de liberdade como um passo decisivo que vai da exclusão à inclusão social em todos os níveis e graus e garantia de um futuro justo, solidário, sustentável e fraterno.
2015 – “Que País é este, que mata gente, que a mídia mente e nos consome”
Em 2015, com o lema do 21º do/as Grito/as Excluídos/as: “Que País é este, que mata gente, que a mídia mente e nos consome”, o grito se propôs a dialogar com a população, pautar as questões da violência, do extermínio da juventude negra e pobre, continuar o debate sobre o papel do Estado, da grande mídia e a democratização dos meios de comunicação. É necessário continuar a denunciar todas as injustiças e lutar por um futuro justo, solidário, sustentável e fraterno.
2016 – “Este Sistema é insuportável: Exclui, degrada, mata!”
Em 2016, com o lema do 22º Grito dos/as Excluídos/as: “Este Sistema é insuportável: Exclui, degrada, mata!”, nos chama a continuar a denunciar todas as injustiças, defender a mãe terra, e lutar por um País justo, solidário, sustentável e fraterno onde a globalização da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, deve substituir esta globalização da exclusão e da indiferença. Como afirmou o Papa Francisco, sejamos semeadores e protagonistas nos grandes processos de mudança em nosso país! Confiemos em nossa capacidade de organização e promoção de alternativas na busca de terra, teto e trabalho! Lutemos para transformar as estruturas de opressão, dominação, colonização e exploração, por viver com dignidade, por “bem viver”.
2017 – “Por direitos e Democracia, a luta é todo dia”
Em 2017, com o lema do 23º Grito dos/as Excluídos/as: “Por direitos e democracia a luta é todo dia”, chama a atenção da sociedade para a urgência da organização e luta popular frente à conjuntura em que o país vive hoje, estamos diante de um cenário de retrocessos, muitas vezes com o apoio dos meios de comunicação social, de desmonte do processo democrático e da perda iminente de direitos dos trabalhadores, conquistados a duras penas. Situação que se agrava com a corrupção política que tornou o Brasil um verdadeiro mar de lama. Porque este sistema está preocupado em defender e resolver o problema da economia, por isso o Grito quer rediscutir esse sistema, propondo que a vida esteja em primeiro lugar.

Marcas do Grito
O Grito trouxe inovações à mobilização social. A Criatividade, a Metodologia e o Protagonismo dos Excluídos são marcas do Grito.

Metodologia
O Grito privilegia a participação ampla, aberta e plural. Os mais diferentes atores e sujeitos sociais se unem numa causa comum, sem deixar de lado sua especificidade.
Criatividade/Ousadia
O Grito tem a cada ano, um lema nacional, que pode ser trabalhado regionalmente, a partir da conjuntura e da cultura local. As manifestações são múltiplas e variadas, de acordo com a criatividade dos envolvidos: caminhadas, desfiles, celebrações especiais, romarias, atos públicos, procissão, pré-Gritos, cursos, seminários, palestras…

Protagonismo dos Excluídos
É fundamental que os próprios excluídos assumam a direção do Grito em todas as fases – preparação, realização e continuidade, o que ainda é um horizonte a ser alcançado.

Parcerias
O Grito foi concebido para ser um processo de construção coletiva, neste mutirão estão juntos Pastorais Sociais, Semana Social Brasileira,Movimentos Populares, sociais e sindical, Campanha Jubileu, Grito Continental, Igrejas, Mutirão contra a Miséria e a Fome.

Por que o 7 de setembro
Desde 1995, o Grito dos Excluídos realiza-se no dia 7 de setembro. É o dia da comemoração da independência do Brasil. Nada melhor do que esta data para refletir sobre a soberania nacional, que é o eixo central das mobilizações do Grito.
Nesta perspectiva, o Grito se propõe a superar um patriotismo passivo em vista de uma cidadania ativa e de participação, colaborando na construção de uma nova sociedade, justa, solidária, plural e fraterna. O Dia da Pátria, além de um dia de festa e celebração, vai se tornando também em um dia de consciência política de luta por uma nova ordem nacional e mundial. É um dia de sair às ruas, comemorar, refletir, reivindicar e lutar. O Grito é um processo, que compreende um tempo de preparação e pré-mobilização, seguido de compromissos concretos que dão continuidade às atividades.

Objetivo Geral
VALORIZAR a vida e anunciar a esperança de um mundo melhor, construindo ações a fim de fortalecer e mobilizar a classe trabalhadora nas lutas populares.
Denunciar a estrutura opressiva e excludente da sociedade e do sistema neoliberal que nega a vida e quer nos impedir de sonhar.
Objetivos específicos
DEFENDER a vida dos/as excluídos/as, assegurar os seus direitos, voz e lugar. Construir relações igualitárias que respeitem a diversidade de gênero, cultural, racial, religiosa e sejam esperança para juntas e juntos lutarmos por outro mundo possível.
CONSTRUIR espaços e ações organizadas politicamente a fim de fortalecer e mobilizar o povo a lutar por um projeto de sociedade mais igualitária e fraterna que valorize a vida, a distribuição de terra, renda e bens para todos;
DENUNCIAR as estruturas opressoras da sociedade, as injustiças cometidas pelo modelo econômico neoliberal, a concentração de renda, a criminalização dos movimentos, dos defensores e defensoras dos direitos humanos e das lutas populares;
OCUPAR os espaços públicos e exigir do Estado a garantia do acesso e a universalização dos direitos básicos como educação, segurança pública, saúde, transporte, alimentação saudável, saneamento básico, moradia. Lutar contra a privatização dos recursos naturais e contra as reformas que retiram direitos dos trabalhadores;
COBRAR dos governantes uma auditoria integral da dívida pública (interna e externa) que consome aproximadamente 45% do nosso dinheiro (orçamento federal) pagando juros e amortizações aos especuladores.

Eixos

1- DEMOCRATIZAR A COMUNICAÇÃO
Na era da informação quem detém a mídia tem poder sobre a opinião das pessoas. A comunicação é um bem público que o Estado concede o direito de operar, só que no Brasil essa operação atende a interesses particulares, dos endinheirados que só visam o lucro.
Existe um oligopólio familiar dos canais de televisão, rádios, jornais, revistas, portais de internet, que dificultam a entrada de outros canais que poderiam trazer pautas alinhadas com o interesse público. Somente com a regulamentação da mídia será possível falar em diversidade da informação e, deste modo, caminhar para uma sociedade mais democrática.
Denunciamos esse modelo de mídia e comunicação e exigimos a sua regulamentação, assim como um processo transparente de democratização da informação em nosso país!
2 – DIREITOS BÁSICOS
O Brasil “democrático” foi construído com um desejo impetuoso das elites de dominar, acumular e lucrar mais e mais à custa do povo. É um Brasil que desrespeita os direitos fundamentais: à vida, à dignidade, a ter direitos. Nossa história é marcada pela violência e dominação através da guerra e extermínio dos povos originários (indígenas, negros e quilombolas), dos pobres, das mulheres e da juventude. Este sistema não nos suporta, não suporta os povos, os direitos. O acesso, ampliação e universalização dos direitos fundamentais conquistados e garantidos na Constituição Federal de 1988, e que não foram plenamente implementados e universalizados, hoje estão sendo ameaçados.
A elite brasileira nunca aceitou esses direitos e conseguiu, com o apoio da mídia conservadora, realizar um golpe “democrático” no Brasil, em 2016, e estabelecer uma agenda de retrocessos nos direitos da classe trabalhadora. Em nome da crise econômica, o governo golpista de Michel Temer está fundamentando a redução e a negação de direitos básicos, com o corte dos investimentos sociais, beneficiando ao sistema financeiro transnacional.
Estamos no meio de um ataque aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras: congelamento dos investimentos por 20 anos, reformas da previdência e trabalhista que abrem um leque para privatizações dos serviços básicos. Assim, privilegiando as empresas que vão operar estes serviços, em um verdadeiro assalto aos direitos sociais.
Vamos nos juntar e fortalecer a luta e a resistência contra qualquer retrocesso e ameaça aos nossos direitos (saúde, educação, aposentadoria, terra, água, salário maternidade, transporte, etc.). Nenhum direito a menos! Por isso, a rua é o nosso lugar!
3 – ESTADO FOMENTADOR DE VIOLÊNCIA
A política do Estado mínimo imposta pelo sistema capitalista neoliberal busca a acumulação de capital, em detrimento das políticas sociais, cuja implementação, muitas vezes, fica a cargo de terceiros. Prática que fomenta as várias situações de violência.
A primeira refere-se ao descaso com a qualidade dos serviços oferecidos (água, saneamento, educação, saúde, transporte, dentre outros), por vezes terceirizados e precarizados. Uma segunda forma é quando o Estado destrói nossos territórios, degrada e mata, gera violência e criminaliza as lutas e os lutadores/as, como no desastre de Mariana. A terceira situação de violência é a criação de formas de acabar com as poucas leis ou mecanismos específicos de proteção: Estatuto da Criança e do Adolescente, do Idoso; Lei Maria da Penha, políticas afirmativas, que indicam claramente as desigualdades sociais e vulnerabilidades existentes, numa espécie de “epidemia de indiferença”, com a cumplicidade do Estado.
A violência é justificada como forma para o Estado funcionar, ela é “silenciosa” e seletiva com os setores vulneráveis da sociedade a fim de contê-los. O sistema capitalista exclui a juventude negra, pobre e da periferia, degrada o meio ambiente e mata negros, mulheres, índios, quilombolas, LGBT(s) e não nos suporta!
4 – QUE PROJETO DE PAÍS DESEJAMOS? QUE ESTADO QUEREMOS?
O Estado sempre foi assediado e disputado pelo capital como instância que lhe garante acessos, facilidades e proteção. A corrupção não é uma novidade, nem no Brasil, nem em lugar algum do mundo, ela faz parte do sistema e o mantém. Portanto, devemos
nos desvencilhar desta armadilha que foi montada sobre a corrupção e de processos eleitorais, e refletir sobre: Que Estado queremos? Que país desejamos? Certamente, uma nação que sustente um projeto comum, que garanta o crescimento econômico, não dos grandes empresários, das instituições milionárias, mas sim dos trabalhadores. Com distribuição de renda de forma igualitária, garantia de fato dos direitos a todos e todas, especialmente os/as mais vulneráveis e excluídos/das. Um Estado que olhe com atenção aos pequenos/as produtores, à agricultura familiar, à indústria nacional, à educação pública, gratuita e de qualidade. Que fortaleça, promova e universalize o SUS, desenvolva a pesquisa e a ciência; facilite o acesso à cultura, à habitação, à terra, ao trabalho, à alimentação. Um Estado que preste atenção às populações que vivem na e da floresta. Um Estado alicerçado na garantia e acesso aos direitos e comprometido com o povo e a vida. Um Estado soberano, não a serviço de interesses estrangeiros.

5 – PARTICIPAÇÃO POLÍTICA É EMANCIPAÇÃO POPULAR
Sob um governo golpista e ilegítimo, as experiências coletivas estão em xeque. O trabalho de base e a formação de coletivos de luta e resistência, nos mais diferentes recantos de nosso país, rompem com esse novo padrão que tentam nos impor.
Reconstruímos o país com as Diretas Já, elaboramos uma avançada Constituição Cidadã, conquistamos vários direitos que hoje estão ameaçados. Isso indica que não há um modelo pronto. A juventude que ocupou as escolas nos desafia a repensar o método, a pedagogia do trabalho de base e, principalmente, retomar com nova linguagem, novo jeito de dialogar, nos apropriando dos instrumentos de comunicação que dispomos.
Devemos romper com a lógica de pensar a participação a partir de processos de representação eleitoral, de cargos públicos eletivos, sem descartá-la, mas dando a ela um novo significado. Precisamos também ressignificar os espaços de participação históricos que conhecemos e usamos diversas vezes: os plebiscitos, referendos, conselhos gestores, orçamento participativo e etc. Já, que alguns destes instrumentos foram sendo apropriados na sua estrutura e discurso por governos de plantão e deixaram de representar os verdadeiros interesses da população.
A participação política é fundamental para provocar processos de mudanças estruturais, na construção de uma sociedade, de um Estado e um país livre, democrático, justo e igualitário. Todos e todas somos convidados a participar para construir a democracia e assegurar nossos direitos.

6 – UNIR GENEROSAS/OS NAS RUAS
A rua traz consigo dois sentidos, principalmente para moradores das periferias, pode ser um ambiente de acolhimento, mas também de abandono e perigo. Toda a violência sofrida pela periferia, sobretudo a policial, provoca o medo das pessoas de frequentar a rua como um espaço de convivência e de uso coletivo, o que nem sempre é uma preocupação em alguns bairros de classe média.
Com muita persistência, alguns coletivos, indivíduos e organizações vêm ressignificando o que é ocupar a rua e os sentidos que isso implica na vida cotidiana das pessoas. O que acontece pela contínua efervescência da cultura periférica, com diversos grupos que atuam a partir de linguagens artísticas e mostram seu trabalho, conseguindo se organizar politicamente e transformar a realidade local.
A rua é um espaço de troca de vivências e saberes, é também onde construímos e defendemos nossos direitos que, hoje mais do que nunca, estão sendo postos à venda pelo próprio governo/Congresso para atender aos interesses do capital, a quem obedece servilmente. A rua é o lugar da resistência e historicamente tem sido o nosso ponto de encontro, dos generosos/as, dos lutadores/as, da militância.
Em tempo de retrocessos democráticos se torna mais urgente e necessário ocuparmos esse espaço.
Vamos para as ruas não só para lutar, mas também para celebrar. Ocupar a rua é vivenciar, é sentir, é olhar o outro sem (pré)conceitos, racismo, machismo, homofobia, é olhar o outro na sua integralidade e como companheiro/a.
O Papa Francisco também nos convoca. Não deixemos mais o sistema incorporar e abrir um abismo entre nós e nossos companheiros e companheiras de caminhada. A praça, a rua, os bares… vamos enchê-los de novo! Vamos nos misturar de novo, porque juntos, generosas e generosos, vamos conseguir pensar um projeto de sociedade mais democrático, em que todos e todas tenham voz, vez e lugar.

7 – UMA ECOLOGIA INTEGRAL
A Campanha da Fraternidade desse ano trouxe para a reflexão os biomas brasileiros, as ameaças a
que estão submetidos e a convocação para lutar em sua defesa. Falar de bioma não é só falar de plantas, animais, fungos e as relações entre si, mas também inclui os seres humanos. Cada bioma é um grande conjunto de pequenos ecossistemas que reúne uma comunidade de seres vivos de todo o tipo em um único território.
O ecossistema em que vivemos, por mais artificial que seja, como as grandes cidades – que ainda assim fazem parte dessa comunidade – deixa sua marca em nós: nossa história, nossa infância, nossa visão de mundo, nossas relações, mesmo o nosso tipo (bio)físico. Tudo em nós tem a marca da grande comunidade e ancestralidade a que pertencemos.
Denunciar e lutar contra a destruição dessa comunidade é lutar por nossa casa comum, pela vida em toda a sua integralidade, pelo Planeta, “que sofre em dores de parto”. O agronegócio empobrece o solo, polui as águas e leva perigo a todo o ecossistema. O monocultivo, os agrotóxicos, os transgênicos, a exploração irracional das florestas e a atividade mineradora podem causar desastres criminosos, como o de Mariana (MG) e toda a Bacia do Rio Doce. Deixam críticas as condições de vida e contribuem para as mudanças climáticas. A destruição faz parte do sistema ganancioso de acumulação e lucro do capital. A vida, as abelhas, as plantas, tudo vira uma mercadoria. Devemos lutar pelas mudanças desse sistema que exclui, degrada e mata. É preciso resistir e lutar: pela nossa história, pela vida do Planeta, por “Vida em primeiro lugar”!

Sugestões de como organizar o Grito
– Reunir ou criar uma equipe animadora e ou organizadora que chame as reuniões, encontros de preparação, tanto local como estadual, garantindo a participação dos/as excluídos/as;
– Trabalhar a organização do Grito dos/as Excluídos/as articulada com os movimentos e as lutas do dia a dia, garantindo a criatividade no antes, durante e no depois do 7/9;
– Realizar uma coletiva de imprensa para divulgar o Grito;
– Escolher um símbolo que represente o lema do Grito.
– Priorizar uma linguagem criativa e simbólica (musica, teatro, poesia, redação, exposições, feiras, etc.).

Estrutura organizativa
O Grito dos/as Excluídos/as conta com uma Coordenação Nacional, Secretaria Nacional, Coordenações locais e estaduais. O diferencial é a rede de articuladores/as e voluntários/as espalhados/as pelos rincões do Brasil, que ajudam animar o processo de construção do Grito.

Dica
Para que de fato o Grito seja dos/as excluídos/as, um dos desafios que se coloca é quanto à linguagem que deve ser menos de textos e discursos e mais de imagens, místicas, atividades culturais, onde todas as pessoas sejam capazes e participem do processo de construção, antes, durante e após o Grito. Ou seja, dos pré-Gritos, do Grito e do pós-Grito. E que os gritos levados para as ruas e praças se tornem pauta de reivindicações junto aos poderes locais.
Fonte: site oficial do Grito dos Excluído

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