Kassab, ministro que indicou um general para presidente dos Correios, é alvo de operação da PF que apreende R$ 300 mil em apartamento
A indicação do general aposentado Juarez Cunha para presidente dos Correios, por parte do ainda ministro Gilberto Kassab, cargo que o general assumiu no dia 9 de novembro, já tinha sido visto naquele momento como um “movimento político defensivo” de Kassab, que se prepara para assumir a chefia da Casa Civil do futuro governador de São Paulo, João Doria. Ao indicar o general esperaria também se “cacifar” perante o novo presidente, o capitão Bolsonaro, indicando - antecipadamente - um general para a presidência da estatal, demonstrando “afinidade ideológica”. E Kassab já sabia naquele momento do andamento das investigações, precisava de apoio. Agora o caso toma novas proporções. Confirmará Doria o quase ex-ministro como seu secretário, assumindo um possível ônus cuja dimensão ainda não se pode dimensionar? Kassab corre o risco de ser demitido antes de assumir...
A Polícia Federal cumpriu hoje (19) oito mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro de Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo (2010 a 2016) e indicado para a Casa Civil no governo de João Doria (PSDB), é um dos alvos da ação. Policiais federais foram ao apartamento dele em um bairro nobre de São Paulo onde apreenderam uma quantia em dinheiro no valor de R$ 300 mil, que Kassab – que está com as contas bloqueadas – afirma ter origem definida. Ele é acusado pelo Ministério Público Federal de ter recebido R$ 53 milhões em propina.
Um grupo de 40 policiais federais cumpriu oito mandados de busca e apreensão, dos quais seis em São Paulo e dois no Rio Grande do Norte. Os alvos são investigados pelos crimes de corrupção passiva e falsidade ideológica eleitoral.
As investigações têm como base informações transmitidas durante delações premiadas de executivos da J&F. O objetivo é apurar suposto recebimento de vantagens indevidas por parte de Kassab enquanto estava na prefeitura.
De acordo com a PF, as vantagens teriam sido exigidas pelo grupo empresarial do ramo dos frigorífico em troca da defesa de interesses, assim como para direcionar o apoio político na campanha presidencial de 2014.
Segundo informações da Polícia Federal, parte dos recursos foi repassada para campanha de um determinado candidato ao governo do Rio Grande do Norte e a um deputado federal, ambos eleitos. Porém, os nomes não foram divulgados.
A suspeita é que os valores eram recebidos por empresas por meio da simulação de serviços que não foram efetivamente prestados e para os quais foram emitidas notas fiscais falsas.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em petição encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) para o cumprimento dos oito mandados de busca e apreensão envolvendo o ministro de Ciência, Tecnologia Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, e políticos do Rio Grande do Norte, menciona valores. Segundo ela, Kassab teria recebido o total de R$ 58 milhões, no período em que era prefeito de São Paulo, no período de 2010 a 2016. Uma parte, no valor de R$ 30 milhões, teria ido diretamente para ele, e o restante para o Diretório Nacional do PSD.
Gazeta Trabalhista / com informações da Agência Brasil