Segundo PM, 1.500 participaram em Campo Grande de ato pró reforma da previdência e apoio a Bolsonaro. Participação da Associação Comercial é questionada.
A ato político em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e a favor da reforma da previdência reuniu cerca de 1.500 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar. A Guarda Municipal de Campo Grande estimou em 2.500 pessoas. Já para organizadores do movimento, cerca de 4.000 pessoas passaram pelo ato. A participação ficou muito aquém do esperado, de 30 mil pessoas, conforme divulgado pela organização durante a semana.
O número é considerado baixo pelo fato da movimentação contar com o apoio explícito da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (que pagou anúncios publicitários em meios de comunicação para convocar o ato) e outras entidades patronais, como o sindicato dos proprietários de postos de gasolina e dos proprietários de empresas de transporte, entre outras entidades, inclusive ruralistas.
Fechamento do congresso, apoio à reeleição de Bolsonaro, apoio à reforma da previdência, apoio a Sérgio Moro, pedido de intervenção militar e fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal) foram algumas das pautas levantadas pelo movimento em Campo Grande.
A participação da Associação Comercial de Campo Grande no ato, inclusive gastando para isso, é questionada por comerciantes que dizem ser contra a forma como a ACICG está conduzindo a questão. “Isso é ato político-partidário, como ficou explícito com a participação de políticos na convocação e na manifestação. Inclusive muitos levantando bandeiras antidemocracia e pregando fechamento do congresso e golpe militar. A ACICG tem que ir mais devagar com isso. Não pode se comprometer com essas bandeiras”, diz um comerciante do centro que prefere não se identificar. Ele questiona quanto a Associação Comercial gastou com publicidade e infraestrutura para o ato, inclusive gasolina.
O caráter patronal do ato gerou reservas também nas entidades de trabalhadores, sindicatos e centrais sindicais, justamente pelo caráter patronal, fazendo a organização e o ato um em si um lobby orquestrado do patronato em nível nacional (de mãos dadas com a extrema direita) para aprovação da reforma da previdência. Não à toa, o ministro Paulo Guedes, foi alvo de apoio em algumas cidades, num movimento que também pareceu orquestrado.
De forma geral, em nível nacional, o ato ganhou pouca adesão para o que se esperava. Bolsonaro correu um risco político ao convocar as manifestações, que podem gerar ainda mais ruído com o Câmara dos Deputados, devido aos ataques ao presidente Rodrigo Maia sabe no Rio de Janeiro, inclusive com direito a boneco inflável e considerados não “espontâneos”.
O apoio do sindicato dos proprietários de postos de gasolina ao ato em Campo Grande já virou até piada na internet.”Está provado que ato era em apoio à gasolina a 5 reais! Sindicato dos proprietários de postos apoiou ato em Campo Grande!” diz publicação em rede social.
Agora os movimentos contra a reforma da previdência e em defesa da educação já articulam um ato para o dia 30 de maio e também uma greve geral para o dia 14 de junho. As ruas podem voltar ao centro do cenário político.