
Combinação de machismo e racismo: senadores deram uma lição do que não se deve fazer na política
Nesta terça, 27, Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, sofreu uma série de ataques durante sessão no Congresso que tinha como objetivo debater a mudança nas regras de licenciamento ambiental para empreendimentos. Os ataques, partindo de diferentes senadores da oposição, são considerados um desrespeito que envolvem gênero e raça, de acordo com Paulo Ramirez, professor de ciências políticas da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). “O que aconteceu na comissão do Senado foi um atentado contra as mulheres e contra a população negra – uma combinação de machismo e racismo. Marina Silva é uma ministra negra, mulher e ambientalista. Os senadores conservadores deram uma lição do que não se deve fazer na política. Foram absolutamente infelizes, retrógrados, ilustrando o conservadorismo de parte das elites brasileiras. Obviamente que, se fosse um homem, dificilmente teriam tomado esse tipo de postura”, comenta o professor.
Para Karla Gobo, socióloga e professora da ESPM, o embate político é natural e saudável em qualquer democracia. No entanto, o episódio em questão não se tratou apenas de um confronto entre representantes com opiniões divergentes. “A Ministra foi desrespeitada – e esse desrespeito ocorreu porque ela é mulher. Sua condição de mulher foi reiteradamente colocada como elemento dissonante naquele espaço, como se não pertencesse a ele”, pontua.
A professora reforça que não há registros de que homens em posição de poder tenham sua identidade de gênero tratada como um elemento a ser “separado” de sua função pública. E isso acontece porque não se considera necessário “separar o homem do político”, como foi falado por um dos ministros para Marina Silva.
Para Karla Gobo, essas falas e ataques à ministra não são isoladas. Elas se inserem em um contexto mais amplo de violência política de gênero. Em 2024, foram registradas 586 denúncias de violência política, sendo 66% (387) classificadas como relacionadas especificamente ao gênero. “A presença das mulheres nos espaços de poder não é concessão, é direito. E o respeito à sua condição de sujeito político e histórico é o mínimo exigido em qualquer sociedade democrática”, diz a professora.
(Millena Rodrigues Ferreira Pinto/Agência NOVAPR – Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
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