Por uma Política Nacional de Agricultura Urbana

Por uma Política Nacional de Agricultura Urbana

POR UMA POLÍTICA NACIONAL DE AGRICULTURA URBANA

Arcelei Lopes Bambil

Por que as hortas escolares ou pedagógicas devem ser incluídas numa política nacional de agricultura urbana?

    Há poucas décadas era fácil encontrar muitas pessoas com conhecimento de agricultura vivendo nas periferias das cidades. Elas eram o resultado do processo migratório do campo para a cidade, que se intensificou a partir dos anos de 1940, levando o Brasil a se tornar um país urbano em meados da década de 1960. O êxodo rural continuou pelas décadas subsequentes, até alcançar relativa estabilidade, por volta de 2010 (IBGE). Na atualidade, aproximadamente, 85%   da população brasileira vive na cidade (PNAD, 2015).

   Com os produtores rurais distantes da terra e separados dos meios de produção, para um imenso contingente de agricultores tradicionais cessou o processo produtivo e o saber fazer agricultura deixou de ser transmitido para as novas gerações. Os descendentes nascidos e integrados à cidade, não dominam as técnicas de plantio, cultivo e demais conhecimentos agrícolas. As atividades por eles desempenhadas são ligadas à indústria, ao comércio e aos serviços urbanos em geral.

  Apesar da imensa produção nacional de alimentos, impulsionada pelas novas e avançadas tecnologias, a fome continua a existir, lembrando a icônica canção de Geraldo Vandré.  Porém, não é só pelos campos que “há fome em grandes plantações”, na atualidade, nas cidades há muito mais.

  Apesar do aumento da produção, acompanhada da má distribuição, a qualidade dos alimentos consumidos pela maioria das pessoas, caiu drasticamente.  A regra é o consumo de alimentos ultraprocessados, refinados e energéticos, enquanto a alimentação natural, como frutas e verduras, isentos de produtos nocivos à saúde, é uma raridade na mesa da maioria da população. Os trabalhadores mais pobres se alimentam com o que conseguem comprar com o pouco que ganham ou com o que recebem como doação. Nessas situações, a qualidade acaba não sendo a prioridade.

  Entre as opções para melhorar a qualidade da alimentação da população que não tem acesso aos alimentos nutritivos e saudáveis, está a produção em pequenas hortas domésticas. A agricultura urbana é uma realidade que abrange desde o plantio em vasos, passando pelas plantas medicinais, até as árvores frutíferas nas casas e espaços públicos, as hortas em terraços de edifícios ou qualquer lugar que tenha solo ou substrato, água e luminosidade.

   Como restabelecer o saber fazer agricultura, para que as novas gerações do pós êxodo rural adquiram o hábito de plantar e produzir alimentos? A resposta pode estar na educação escolar, sem descartar outros meios existentes. É importante a inclusão, no ensino fundamental, de noções sobre produção agrícola, com a finalidade de melhorar a alimentação nutricionalmente empobrecida.  Não se trata da formação de técnicos ou agricultores no sentido histórico, e sim da formação de uma cultura de produção de alimentos in natura e complementar.

   O paradigma da produção orgânica está consolidado em métodos, técnicas, regulamentos e num mercado fora do alcance da maioria da população. ´Enquanto a demanda for maior que a oferta, é improvável que os trabalhadores com menor poder de compra tenham acesso aos alimentos orgânicos. Dessa forma, a produção doméstica e comunitária estimulada pode suprir, mesmo que parcialmente, a deficiência nutricional da alimentação da população mais carente e desnutrida.

  Arcelei Lopes Bambil 

É Engenheiro Agrônomo e trabalha com pesquisa e assistência técnica para agricultura rural e urbana

(Foto: Eber Benjamim)

Gazeta Trabalhista – Fone/Whats: 99213-7842 – Email: gazetatrabalhista@gmail.com

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